É que é para sempre e, até ver, não há hipótese de voltar. Isso de Jesus é muito bonito mas não me convence. Estou certo que quando morrer, morro mesmo para sempre. Aquele sempre todo infinito. E isso aflige-me, não vos vou mentir.
Para ser justo, também me afligia se me dissessem que ia viver para sempre. Isto de nos aturarmos uns aos outros também é das coisas mais cansativas a que o Universo nos obriga, digo-vos honestamente. Sendo que de qualquer forma não tenho alternativa, lá vou eu morrer. Mais para a frente, espero.
Agora, quando essa altura chegar, e caso ainda existam redes sociais (eu a ser muito optimista e a achar que vou chegar aos 90 como se me cuidasse imenso ao nível de saúde e alimentação e não tivesse já o fígado todo embaçado), gostava que não fizessem posts a dizer “RIP Diogo Faro”, “RIP, meu puto Faro”, “RIP Sensivelmente Idiota, eras grande bacano”.
Não me levem a mal, mas essa banalidade do RIP é muito pobrezinha e soa-me sempre a um misto entre vaidade e condescendência de quem fica. “Não tenho muito a dizer sobre esta pessoa, sei pouco sobre ela e na verdade só fiquei triste durante 7 segundos após saber a notícia mas quero mostrar que sei quem ele é, por isso vai este ‘RIP Faro, eras mestre a beber minis'”.
É poucochinho.
Se é só para fingirem que se importam, pelo menos não usem o RIP. O “descansa em paz” - DEP -, embora também não me agrade muito, sempre é preferível. O RIP é mais banal e displicente que um “perdão” depois de arrotar. Surge ali por convenção social, sem grande sentimento.
E seja um RIP ou um DEP, leva-me à questão inicial. Chateia-me muito o facto de ter de descansar para sempre mesmo que seja em paz, eu sei que vocês desejam sempre que seja em paz. Mas acho que podem desejar algo melhor, como “Diogo, agora que morreste, que do outro lado tenhas um jardim cheio de sol para ler livros, restaurantes incríveis, mas também tenhas o Lux e festivais de música. Já lá vamos ter contigo, e que estejas em paz mas não em descanso que isso é uma seca do ca$#%&!”. Que seja algo assim, se fazem favor. É que é se para sempre, que não seja só a descansar que eu agora enquanto vivo já me canso quando tenho demasiado descanso.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- Ricky Gervais: Já saiu o novo “special” do Gervais para a Netflix, o Humanity. Ainda não vi, mas sendo o Gervais, com certeza estará entre o “bom” e o “incrível”.
- Um Cavalo Entre Num Bar (CORREÇÃO): Sei que sugeri este livro na crónica passada e até disse que estava a gostar. Precipitei-me e peço-vos desculpa. As primeiras páginas ainda me deram algum alento, mas quanto mais lia menos gostava e cheguei ao fim convicto que é dos piores livros que li nos últimos tempos. Esqueçam este.
Comentários