
Uns querem que ganhe o Benfica e outros o Sporting e outros qualquer outro clube. Além disso, querem coisas que podemos considerar básicas: dinheiro para viver sem estar num sufoco de contar tostões, proporcionar aos filhos uma educação de jeito com vista uma empregabilidade rápida, acesso a serviços de saúde competentes, relação rápida e fiável na justiça, capacidade de possuir ou alugar uma habitação condigna e de um orçamento para despesas familiares que permita algumas graças. Podemos acrescentar férias fora de casa, planos de futuro, sonhos que não pareçam da ordem do irreal.
Querem saber que há caminho por onde trilhar, que podem viver melhor do que viveram os seus pais. Todos os portugueses devem querer ter esta base de vida assegurada.
De que falam os partidos nesta campanha? Que proximidade fomentam? Estão cientes do que é a realidade da maioria? Todos vivemos em bolhas, é certo, mas os políticos parecem viver numa especialmente peculiar. O que interessa é o poder, a percepção, o jogo.
Enquanto isso, os portugueses vivem, na sua maioria, com menos de mil euros mensais, lutam para pôr comida na mesa, querem que os filhos tenham uma hipótese e não sejam obrigados a viver em casa dos pais até depois dos trinta anos, os portugueses não acreditam na justiça, não acreditam nas instituições.
Os políticos e os portugueses parecem viver em lugares distintos. A democracia, 51 anos depois de ter chegado, debate-se com desinformação, desinteresse, iliteracia e, por vezes, má fé.
Comentários