O ministro do Ambiente disse há dias que os carros a diesel têm os dias, comercialmente, contados. Alvoroço gerado automaticamente, como se ele tivesse dito que era preciso começar a afogar crianças por haver população a mais.
Entre outras, gostei muito da reacção do ACP que se mostrou muito ofendido e que publicamente repudiou as palavras do ministro. Afinal de contas, quem é que se julga o ministro do Ambiente para poder comentar assim assuntos que dizem respeito ao ambiente? É uma vergonha que um ministro do Ambiente tenha opiniões sobre o futuro do ambiente, ainda por cima em prol do ambiente, e não em prol da poluição do ambiente.
Mesmo sabendo que os carros a diesel são tão poluentes (e ainda por cima mais caros), o ACP consegue realmente estranhar que o ministro do Ambiente (já tinha referido que era especificamente o responsável pela pasta ministerial do Ambiente?) tenha uma visão a longo prazo do planeta que não tem em consideração os interesses puramente económicos dos fabricantes de carros que poluem muito mais do que deviam. Realmente, já não se fazem ministros como antigamente.
O que nós – entenda-se ACP, em nome do bem comum do país e do mundo – precisamos é de um ministro que recomende que toda a gente use mais o carro. Que usemos o carro em todas as deslocações, que usemos o carro até para ir lá a baixo pôr o lixo, por exemplo. Precisamos de um ministro do Ambiente que pense menos no ambiente e pense mais nos pobres e desafortunados produtores de automóveis a diesel que vão ficar completamente desamparados depois de declarações como as que o ministro fez.
Que se lixe a poluição do ar. Esqueça-se a reciclagem. Neguem-se as alterações climáticas. Fuja-se à realidade, porque a única realidade que importa é a realidade do capital.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
Lugar Estranho: a estreia do meu espectáculo é já para a semana! Bora! Dia 7 em Palmela e dia 8 em Lisboa.
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