Gong Tao falava num encontro com jornalistas em Luanda em que deu nota do aumento das trocas comerciais entre os dois países na ordem dos 30%, entre janeiro e agosto de 2022, face ao período homólogo, ultrapassando os 20 mil milhões de dólares.
Adiantou igualmente que a China está a negociar um acordo de proteção e promoção de investimento com Angola e está disponível para oferecer uma isenção de taxas para 98% das mercadorias importadas dos países africanos.
Questionado sobre se Angola terá um maior protagonismo no panorama geoestratégico e político mundial, no atual contexto de crise energética associada à guerra na Ucrânia, Gong Tao afirmou que o país africano, rico em petróleo, "tem dado um grande contributo para garantir a segurança energética do mundo".
Além do petróleo, sublinhou, Angola está também a diversificar as suas fontes de energia "e a China também pode participar em todas estas áreas".
Assinalou igualmente o "bom papel" que Angola tem desempenhado na manutenção da paz e estabilidade regional, destacando que ao contrário dos conflitos em vários países africanos "esta região da África subsaariana vive em paz e estabilidade".
O diplomata chinês afirmou que a China está interessada em continuar a promover a cooperação com Angola, em termos comerciais e de investimento, e quer atrair mais empresários, sublinhando que estão em curso, ou em perspetiva, novos projetos.
Entre estes apontou a construção de um novo centro comercial em Luanda, uma fábrica de pasta de papel, fábricas de montagem de eletrodomésticos e outros equipamentos eletrónicos, mas também projetos na área agrícola e produtiva, alguns dos quais em fase experimental como a criação de bichos da seda.
O encontro foi ocasião para Gong Tao expor a sua visão sobre os resultados do 20.º congresso do Partido Comunista da China, que decorreu na semana passada, tendo salientando que a China prossegue "numa jornada de modernização e desenvolvimento".
"Este congresso aconteceu num momento muito especial para a China e para o resto do mundo", afirmou, frisando que "o povo chinês está a reunir esforços para o objetivo de alcançar a modernização" e revitalizar a nação chinesa.
Sobre a inusitada retirada do Congresso do ex-secretário-geral do partido, Hu Jintao, disse que o antigo líder chinês tem cerca de 80 anos e o incidente estaria relacionado com questões de saúde.
Congratulou-se ainda com a "erradicação da pobreza no território chinês" e considerou que a China tem conseguido uma renovação das suas ideias, sob a liderança de Xi Jinping, oferecendo "certezas" perante a incerteza mundial.
"Vivemos situações de riscos, de divergências, de conflito, de desafios e este congresso, além de desenhar uma meta e objetivos estratégicos para o desenvolvimento chinês, oferece uma certeza da China perante as incertezas do mundo, uma China de paz, de estabilidade política e social", reforçou o diplomata.
Salientou também que a China oferece oportunidades ao resto do mundo, procurando captar mais investimento estrangeiro e desenvolver a cooperação com outros países, apontando iniciativas como a Faixa e Rota e o Fórum de Cooperação China-África, como demonstrativa da ligação da China com outros países.
"Não é possível voltar para trás, fechar de novo a porta", vincou.
Sobre a relação com a Rússia disse que a China apoia as parcerias e mantêm relações de respeito mútuo e não ingerência nos assuntos internos, mantendo-se em patamar de igualdade, tanto com a Rússia como outros países, como Portugal.
Sobre a situação de Taiwan, considerou que é "um assunto interno", decorrente da guerra civil na China, à volta do qual surgem "provocações" de forças estrangeiras "contrárias à vontade do povo chinês" e que "não querem que a China fique em paz".
As manobras militares têm servido para a China mostrar a sua "capacidade e determinação" para defender o princípio de "uma só China" contra as forças "que querem usar Taiwan como um peão de xadrez".
Afirmou ainda que na China há "ideias diferentes" e que são ouvidas pessoas dentro e fora do partido, "mas a estratégia nacional para o desenvolvimento só pode ser uma, não pode ser hoje esta estratégia e noutro dia outra estratégia", o que se prende com a realidade e a história chinesas.
"Nós sabemos, melhor do que ninguém como podemos fazer a nossa democracia, como podemos reunir as ideias, as iniciativas de todos nós, diferentes, para um objetivo comum", frisou, negando que os opositores sejam silenciados.
RCR // LFS
Lusa/fim
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