“Não podemos evitar o vírus, mas podemos aliviar o seu efeito sobre os cidadãos e as empresas europeias", disse hoje Mário Centeno. Mas a que custo? Isso é que nos tentam apontar as previsões de Bruxelas — e o cenário, como se podia antecipar, não é animador.
A Comissão Europeia estima que a economia da zona euro conheça este ano uma contração recorde de 7,7% do PIB, uma "fatura pesada" da emergência sanitária como notou Centeno. Aliás, a própria Comissão Europeia traduz estes números da seguinte forma: "apesar da resposta rápida e abrangente, tanto a nível da União Europeia como nacional, a economia europeia vai experimentar uma recessão de proporções históricas este ano”.
E a história em Portugal pode fazer-se dos seguintes números em 2020: uma recessão de 6,8% e uma taxa de desemprego de 9,7%. Estas previsões são porém mais otimistas do que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipa uma quebra económica de 8,0% e desemprego de 13,9% em 2020.
Mas como digo algumas vezes, há sempre duas maneiras de olhar para o copo, e por cá o Ministério das Finanças vê-o meio cheio: Em comunicado, o gabinete de Mário Centeno sinaliza que, segundo as previsões da Comissão Europeia, "em 2021, a economia deverá crescer 5,8%, mantendo o PIB em níveis abaixo dos registados em 2019. No conjunto dos dois anos, o desempenho da economia portuguesa será menos negativo do que o da média dos países da área do euro e da EU”.
No cerne de todos estes números estão, todavia, pessoas: um estudo do Banco de Portugal conclui que as famílias que têm indivíduos entre 35 e 44 anos são as mais afetadas pela queda dos rendimentos provocada pela pandemia.
E por isso mesmo se procuram reforçar apoios, sobretudo para quem antes se sentiu esquecido. O primeiro-ministro anunciou assim o alargamento de apoios a sócios-gerentes com trabalhadores a cargo, uma redução do prazo de garantia para acesso ao subsídio social de desemprego e a cobertura de trabalhadores independentes sem descontos no último ano.
Empresas e Emprego
- Atividade turística na Europa cai 50% este ano e Portugal é dos mais afetados;
- Associação de restaurantes diz ser "incompreensível" desconhecer regras para reabertura;
- Restauração pede às câmaras isenção do pagamento por esplanada;
- Sem ‘lay-off’ 17% das empresas teriam défice de liquidez ao fim de 40 dias;
- Uber vai despedir 3.700 funcionários;
- NOS passa de lucros a prejuízos no primeiro trimestre do ano;
- Lucro dos CTT abranda 0,4% para 3,7 ME no 1.º trimestre.
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