“Estamos a ultimar uma portaria que vai definir um conjunto de regras para os agricultores poderem aceder às ajudas. E estamos a trabalhar para que, no dia 06 de agosto, seja aberto o período de candidaturas e depois seguir-se-á um período de análise”, disse João Ponte, em declarações aos jornalistas.
O governante falava após uma reunião com a direção da Terra Verde – Associação de Produtores Agrícolas dos Açores, acrescentando que nesta fase é prematuro quantificar o valor do apoio vai ser feito.
“Neste momento, optámos por não definir as ajudas por hectare para as diferentes culturas, seja no domínio hortícola ou forrageiro, sem no fundo ter uma noção dos hectares quer estão a ser afetados. E isto será feito numa fase posterior, logo que esteja concluído o processo de candidaturas”, sustentou o titular pela pasta da Agricultura e Florestas na região.
O secretário regional disse, porém, que devido "aos aguaceiros dos últimos tempos, embora não de forma homogénea em todas as ilhas, nota-se que há alguma recuperação de algumas culturas".
“É uma boa noticia, mas temos consciência que há um conjunto de culturas que é preciso recuperar e estamos a trabalhar para ser possível recompensar ou minimizar estes prejuízos devido à seca”, sublinhou.
João Ponte referiu ainda que o abastecimento de produtos hortícolas na região não está em risco, mas admitiu um "aumento" dos preços de venda "o que já se faz sentir em algumas culturas".
“O que poderá acontecer é a importação. O que já acontece, porque o que produzimos na região a nível hortícola ainda não é suficiente para abastecer o mercado”, acrescentou, assegurando, no entanto, que o executivo açoriano tem promovido medidas para o crescimento do setor hortícola, referindo também que decorre um estudo para caracterizar aquela produção, com o objetivo de diminuir as importações e aumentar as exportações de alguns produtos, como por exemplo a batata doce.
O Governo dos Açores tinha anunciado na terça-feira que vai conceder um apoio extraordinário para a aquisição de 10.000 toneladas de alimentos para os animais para fazer face às dificuldades causadas pela seca.
O responsável da Terra Verde, Manuel Ledo, disse que "a situação é grave" no que se refere ao setor hortícola, alegando que a seca verificada “faz com que baixe o nível de produção e afeta a qualidade” dos produtos.
“Os tais 100% de produção passem a ser 30 e 40% da produção. A batata, por exemplo, que se esperava que fosse uma batata de 300 gramas vai ser de 100 ou 50 gramas”, apontou o presidente da Associação.
De acordo com Manuel Ledo, as culturas mais afetadas são “a batata, o tabaco, o milho não forrageiro, a melancia e meloa”.
“Neste momento não há falhas no abastecimento, mas daqui por um mês e meio ou dois vamos ter que importar de certeza absoluta”, sustentou, referindo-se, em particular, à situação da produção da batata devido à seca desde “início de abril”.
Comentários