Nas verbas previstas para a área da Cultura no Orçamento do Estado para 2021, a DRCAlg passa de 5,3 milhões de euros orçamentados em 2020 para 4,7 milhões e a diretora regional justificou à agência Lusa a diferença com a quebra de receitas motivada pelo menor número de visitas aos monumentos que tutela, sobretudo a Fortaleza de Sagres.
“Esta redução no orçamento tem a ver essencialmente com a quebra das nossas receitas próprias, porque nós, com as receitas próprias, vivemos”, afirmou a diretora regional Adriana Nogueira, antecipando que a redução de cerca de 600 mil euros vai afetar sobretudo “o funcionamento interno”, mas não atingir a ação cultural.
Adriana Nogueira explicou que, "na parte que diz respeito a todos os apoios à ação cultural, praticamente não houve mexida”, mas reconheceu que “o que vai sofrer serão coisas como a atualização de ‘softwares’ ou ‘hardwares’”.
A diretora regional de Cultura do Algarve deu o exemplo do ano transato, no qual as receitas dos monumentos foram de “mais de um milhão” de euros, valor que “neste momento nem a meio milhão chega”.
“Naturalmente não podíamos inscrever no orçamento do próximo ano receitas próprias que não tínhamos. E, daí, essa diferença” de cerca de 600 mil euros, esclareceu, sublinhando que “vai ser mais difícil mudar algumas coisas que internamente seriam importantes” e o organismo vai “ter de viver com essa austeridade que, em geral, o país está a sofrer devido à pandemia”.
Adriana Nogueira adiantou que as perdas registadas este ano pela redução do número de visitantes afetou todos os monumentos sob tutela da direção regional, dos quais a Fortaleza de Sagres é "o grande monumento" e a sua “maior fonte de receita”.
“Até esta data, fizemos 432 mil euros e, em 2019, tínhamos feito até ao final do ano 1,074 milhões de euros”, precisou, referindo-se ao total das receitas feitas até outubro de 2020 com os monumentos da Direção Regional de Cultura do Algarve (Fortaleza de Sagres, Ermida de Nossa Senhora da Guadalupe, Ruínas Romanas de Milreu e monumento megalítico de Alcalar).
Adriana Nogueira lembrou que o valor de mais de um milhão de euros de receitas conseguido em 2019 superou a estimativa orçamentada de 820 mil para o total do ano e levou a que, no orçamento de 2020, a previsão de receita fosse de “956 mil euros”.
Mas a realidade mostra que, nos primeiros 10 meses do ano, as receitas das visitas “não superaram os 500 mil”, o que representa uma redução de 58,1% comparativamente com o total global de 2019, segundo dados disponibilizados pelo organismo.
A diretora regional disse ainda que, se os primeiros meses do presente ano auguravam bons resultados nas visitas, com maior número de entradas em comparação com os períodos homólogos de 2019, a pandemia alterou a tendência e fez com que houvesse “fins de semana com 202 visitantes, quando no ano anterior tinham tido 1.300” nos mesmos dias.
“Por isso é que não podemos projetar para o ano que vem o mesmo orçamento”, reiterou a diretora regional, que apelou à visitação dos monumentos do Algarve, apesar da pandemia, garantindo que são “seguros” porque estão em “espaços abertos”.
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