“A resposta que recebi do Senhor Ministro das Infraestruturas e da Habituação, Pedro Nuno Santos, à proposta que fiz para viabilizar a Groundforce é insultuosa, uma chantagem e um ultimato inaceitável”, defendeu, em comunicado, o presidente do Conselho de Administração da empresa, Alfredo Casimiro.
O administrador diz que ofereceu a sua posição acionista como garantia de que a empresa vai pagar à TAP os adiantamentos necessários para pagar os salários em falta, e que Pedro Nuno Santos "propõe" a perda das ações - relativas a 50,1% do capital - na Groundforce "se o Estado se atrasar na concessão do aval", para um financiamento bancário.
Alfredo Casimiro disse que ministro das Infraestruturas “ignorou” esta proposta, responsabilizando-o por não conseguir pagar os salários aos 2.400 trabalhadores da Groundforce.
"O senhor Ministro sabe que a proposta que fez não pode ser aceite numa negociação de boa-fé. Ao contrário do que nos prometeu em julho, o Senhor Ministro não nos apoiou e é agora o único responsável pela falta de pagamento dos salários dos trabalhadores", afirmou.
O empresário lembrou ainda que os adiantamentos que a Groundforce necessita são “uma gota de água quando comparados com as centenas de milhões de euros que o Estado injetou e injetará” na TAP ou com os mais de 50 milhões de euros que pagou a David Neeleman para sair da transportadora.
No comunicado, o presidente do Conselho de Administração da empresa de ‘handling’ (assistência nos aeroportos) diz que a proposta do Governo responsabiliza-o pela concessão do empréstimo, valor e pelas datas de decisão do executivo.
“Não sou eu quem decide quando sairá o empréstimo, porque não sou eu quem decide quando será dado o aval do Estado. Portanto, não posso ser eu sozinho a correr o risco de perder a participação na Groundforce pela incapacidade e pelos sucessivos atrasos do Estado”, notou.
Para Alfredo Casimiro, a proposta do Governo não pode ser aceite numa “negociação de boa-fé”, sublinhando que a que apresentou ao ministro das Infraestruturas “é a única que protege os dinheiros dos contribuintes” e da transportadora.
“Colocando-me sob chantagem, o senhor ministro sabe que não será a Groundforce a pagar o salário dos trabalhadores da empresa, e que terá de ser o Estado, eventualmente através de uma nacionalização, a pagar esta conta e todas as outras que certamente virão. É o que quer o senhor ministro Pedro Nuno Santos: nacionalizar a Groundforce e entregá-la daqui a uns tempos a outro privado. Estão a aproveitar-se da pandemia para fazer um roubo, tal como os que ocorreram a 11 de março de 1975”, alertou.
Neste sentido, Alfredo Casimiro apelou ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao primeiro-ministro, António Costa, que impeçam este “ataque à dignidade dos trabalhadores”.
Na terça-feira, o presidente do Conselho de Administração da Groundforce e dono da Pasogal, acionista maioritária da empresa de ‘handling’, já tinha apelado ao “diálogo” de forma a “encontrar uma solução” para ultrapassar a difícil situação financeira em que esta se encontra.
“Faço um apelo de diálogo a todos os envolvidos para que possamos rapidamente pôr termo a este clima de incerteza e, nesse sentido, acabo de pedir uma audiência com caráter de urgência ao senhor ministro das Infraestruturas e Habitação, bem como aos grupos parlamentares na Assembleia da República”, referiu, na altura, em comunicado, Alfredo Casimiro.
No mesmo dia, vários sindicatos representativos dos trabalhadores da SPdH/ Groundforce, pediram à tutela uma solução “de curto prazo” para o pagamento dos salários em atraso mas também para os próximos meses.
A Pasogal, de Alfredo Casimiro, detém 50,1% da Groundforce e a TAP 49,9%.
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