"Não vamos voltar ao que aconteceu", disse Paulo Macedo, durante o X Encontro Fora da Caixa, em Lisboa, respondendo à questão do moderador Ricardo Costa, jornalista e diretor-geral de informação do group Imprensa (SIC, Expresso), sobre se a banca está a caminho dos excessos do passado.
O presidente da CGD considerou que os bancos mudaram muito em dez anos, quer em "rigor na concessão de crédito", quer pelas "exigências de capital" feitas pelos reguladores, uma vez que há créditos que podem penalizar o capital.
Além disso, afirmou, há menos riscos de atualmente se chegar a uma situação crítica de dificuldades de pagamento pelos devedores, uma vez que as taxas de juro estão em níveis historicamente baixos, pelo que mesmo que as taxas subam (o que os analistas preveem que aconteça em 2019 ou 2020) há ainda capacidade de famílias e empresas acomodarem esses aumentos.
Paulo Macedo disse ainda que a mudança não é apenas face há dez anos e que, mesmo em dois anos que muita coisa mudou na indústria bancária, dando como exemplo as exigências que o Banco Central Europeu faz aos administradores dos bancos e as regras dos comités de crédito relativamente a conflitos de interesse "como nunca tiveram no passado".
O Banco de Portugal pediu cuidado aos bancos na concessão de crédito, sobretudo crédito à habitação, avisando que muitas famílias podem não conseguir pagar a dívida de futuro, e anunciou mesmo que estava a ponderar adotar medidas para restringir acesso a crédito a devedores muito endividados.
O presidente do banco público foi ainda questionado sobre o impacto das 'fintech' (empresas tecnológicas de serviços financeiros) nos bancos, tendo dito que a CGD tem vindo a apostar na digitalização e em sistemas de análise de informação com vista a criar produtos adaptados as necessidades dos clientes.
Contudo, afirmou Paulo Macedo, é preciso saber avaliar as áreas em que as 'fintech' querem aturar, considerando que estão sobretudo interessadas em entrar no negócio dos bancos que é rentável, como serviços de pagamentos e crédito rápido (por exemplo, crédito ao consumo).
"Já das áreas 'core' dos bancos, as 'fintech' fogem como o diabo da cruz", afirmou, referindo-se aos depósitos (uma vez que têm elevada regulação e implicam grandes montantes de capital) e a créditos a médio e longo prazo.
"A banca tem de servir melhor na área de segurança, nos depósitos, e servir melhor na relação duradoura", considerou.
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