“Neste momento, temos uma sorte muito grande que é o facto de vivermos num enquadramento com taxas de juro extraordinariamente baixas, anormalmente baixas, e isso permite, não obstante, ter um nível de dívida muito elevado”, disse o antigo conselheiro de Estado do Governo de Cavaco Silva.
Vítor Bento considerou que Portugal tem uma fatura de juros, “apesar de tudo, controlável”. Contudo, deixou um recado: “se esticarmos demasiado a corda, vamos acabar noutro resgate mais cedo ou mais tarde”.
De acordo com o também presidente do Conselho de Administração da SIBS, numa altura em que decorrem várias greves, “responder a todas as reivindicações” poderia ter esse efeito.
Por se ter “cedido em várias frentes, está-se a pagar um custo noutros lados. A deterioração da qualidade dos serviços públicos em geral é um preço que nós todos estamos a pagar por terem sido feitas opções de natureza diferente na afetação dos recursos escassos do orçamento”, acrescentou.
Vítor Bento considerou também que o crescimento económico “vai desacelerar” na próxima década pela “exaustão de recursos”, atingindo uma subida média de 1,5%.
O economista vincou ainda que a “retórica anticapitalista também não ajuda ao crescimento”, sublinhando que a “hostilidade aos lucros elevados favorece a existência” de baixos salários.
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