Parente, de 65 anos, abandonou o cargo depois de a gigante da economia brasileira ter estado no centro de uma greve de grandes dimensões das transportadoras rodoviárias, que reclamavam uma descida dos preços do combustível e paralisaram o Brasil durante nove dias.
“Pedro Parente pediu para deixar as suas funções de presidente da empresa esta manhã”, anunciou o grupo com sede no Rio de Janeiro, precisando que o conselho de administração vai nomear um diretor interino.
O conflito nacional das transportadoras rodoviárias que paralisou o país, com barricadas nas estradas de todos os Estados, fez com que o grupo Petrobras perdesse, nas últimas duas semanas, cerca de 40% da sua capitalização bolsista.
Falta de gasolina, prateleiras de produtos frescos vazias e aeroportos incapazes de abastecer de combustível os aviões foram algumas das consequências desta greve dos camionistas para a maior economia da América Latina.
O Governo do Presidente Michel Temer acabou por ceder às reivindicações dos grevistas, garantindo-lhes preços mais baixos por um período de 60 dias, o que infligiu um duro golpe à autonomia concedida no final de 2016 à Petrobras, em matéria de política tarifária.
Esta autonomia do grupo, que se alinhou com os preços do mercado internacional, tinha sido exigida pelos mercados, mas traduziu-se automaticamente numa subida do preço dos combustíveis que gerou descontentamento no país e se tornou alvo de preocupação à medida que se aproximam as eleições presidenciais de outubro, as de desfecho mais incerto da história recente do Brasil.
Após a greve de nove dias dos camionistas, um Michel Temer fragilizado deu a entender que poderia retirar à Petrobras a autonomia em matéria de fixação de preços, mas acabou por recuar nessa questão.
Em seguida, foram os trabalhadores do setor petrolífero que entraram em greve, no início da semana, reivindicando uma redução dos preços dos combustíveis e do gás de cidade, o fim da política de venda de ativos da Petrobras e a demissão de Pedro Parente.
Acabaram por desistir da paralisação depois de a Justiça a ter declarado ilegal, mas ameaçaram apelar para interrupções laborais de duração indeterminada para alcançarem os seus objetivos.
Pedro Parente foi nomeado por Temer em maio de 2016 para orientar a empresa para o mercado e afastá-la dos interesses políticos, permitindo ao grupo distanciar-se do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, centrado numa grande rede de tráfico de influências, envolvendo subornos em troca da atribuição de contratos públicos.
A saída de Parente é o último passo num percurso em que lhe foi reconhecido mérito na gestão da maior empresa pública brasileira, afetada pela dívida, corrupção e má gestão, escreve a agência financeira Bloomberg.
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