
Os jornalistas, que estiveram detidos por mais cinco horas, já foram soltos, e em declarações à Lusa, queixaram-se de ter sido ameaçados e obrigados a entregar os telemóveis
O diretor do portal angolano de notícias TV Maiombe Jubileu Panda disse que tentou identificar-se perante o comandante da polícia, que não o deixou falar, e foi insultado e obrigado a sentar-se no chão.
“(O comandante) chamou a viatura da patrulha e orientou que nos levassem e ficámos detidos por cinco horas em qualquer esclarecimento sobre as razões da nossa detenção, e inclusive, fotografaram as nossas carteiras profissionais e mandaram-nos assinar alguns documentos” disse.
Também o jornalista do Jornal Folha 8 e TV 8 Hermenegildo Caculo lamentou o sucedido, dizendo ter sido detido quando entrevistava um dos manifestantes.
“Quando um dos nossos colegas questionou as razões da nossa detenção, um dos agentes ameaçou efetuar disparos ao colega Dionísio António, do Jornal “Secreto”, caso voltasse a fazer perguntas. Fomos torturados psicologicamente, humilhados e ameaçados de morte” alegou.
O correspondente da DW África Borralho Ndomba, que esteve detido por trinta minutos, contou à Lusa que foi obrigado a entregar os seus telemóveis e microfones.
“Enquanto eu fazia a cobertura da manifestação, quatro polícias em motorizadas, cercaram-me e solicitaram os meus documentos, incluindo a carteira profissional, receberam os meus telemóveis e o microfone, obrigaram-me a tirar o código dos meus telemóveis, fizeram vistoria no meu WhatsApp, pois pretendiam apagar os registos que eu tinha feito, mas não encontraram nada porque eu tinha feito a reportagem em direto no Facebook, na página da DW. Após efetuarem ligações, não sei para quem, devolveram-me os meus equipamento e soltaram-me trinta minuto depois”, relatou.
Durante a marcha, travada pela polícia e não chegou a concretizar-se, quase meia centena de estudantes foram detidos e alguns agredidos fisicamente, quando, com cartazes nas mãos, protestavam contra as carências nas escolas da capital angolana
O presidente do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira, que convocou a marcha, encontra-se em parte incerta e está a ser procurado pela polícia, segundo o responsável de comunicação do movimento.
Tavares Gabriel estimou que tenham sido detidos no total cerca de 150 jovens.
A Lusa contactou o porta-voz da Polícia Nacional do Comando Provincial de Luanda, Nestor Goubel, que remeteu para mais tarde esclarecimentos sobre a atuação policial e as detenções.
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