A OCDE divulgou hoje um relatório sobre a evolução da economia portuguesa e, no documento, antecipa "um crescimento anual moderado", de 1,2% em 2017, e refere que o consumo privado teve um papel importante recentemente, mas "deverá perder peso porque a criação de emprego é demasiado fraca para que as despesas dos consumidores continuarem a expandir-se ao nível atual".
O investimento deverá "continuar fraco" e as exportações "vão crescer menos" do que nos anos anteriores, em parte devido à queda da procura da China e de Angola, mas deverá "continuar a ser a força por trás do crescimento neste ano e no próximo".
Tendo em conta o "baixo crescimento", mas também um salário mínimo mais elevado e a continuação da rigidez do mercado de trabalho, a OCDE antecipa que a queda do desemprego seja "muito mais lenta do que nos últimos dois anos" e que "é provável que o desemprego continue nos dois dígitos, entre os mais altos da União Europeia".
Quanto ao desemprego, a OCDE reconhece que tem estado a cair mas continua em "níveis desconfortavelmente elevados", nos 10,5%, uma proporção que é de 26,1% entre os jovens.
Relativamente às exportações, a organização de Angel Gurría considera que as reformas estruturais já feitas permitiram um "reequilíbrio da economia para as exportações", sublinhando que Portugal exporta agora mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), quando em 2005 as exportações representavam apenas 27%.
Isto quer dizer que há mais empresas a exportar do que anteriormente, referindo a OCDE que este processo "começou ainda antes da crise" e que os dados a nível micro sugerem que esta melhoria nas exportações "é de natureza estrutural".
A OCDE sublinha que a fraca procura interna numa altura de crise económica contribuiu para a melhoria da balança comercial, mas alerta que vão ser precisas "melhorias estruturais adicionais" para consolidar estes progressos iniciais e garantir que se mantêm quando as importações recuperarem.
O investimento é a chave para conseguir potenciar os ganhos nas exportações mas, em Portugal, tem sido um problema: "O investimento tem estado significativamente mais fraco do que nas outras economias do euro, particularmente desde 2010" e, "depois do forte declínio após a crise, o investimento está agora mais de 30% abaixo do nível de 2005".
A OCDE aponta que, em Portugal, o crescimento é lento e coloca dificuldades a nível orçamental, as fragilidades dos bancos têm de ser resolvidas o quanto antes e é preciso recuperar o investimento e apostar nas qualificações.
"O crescimento tem sido lento e enfrenta novos obstáculos, o que coloca escolhas políticas difíceis, especialmente na política orçamental", lê-se no relatório, que acrescenta que há "constrangimentos estruturais que continuam a impedir o crescimento e a exacerbar as vulnerabilidades".
Para resolver estes constrangimentos, a organização de Angel Gurría defende que "é preciso renovar o ímpeto das reformas estruturais", bem como "uma avaliação sistemática" das que já estão em curso.
Para o futuro, a OCDE refere que "é preciso um investimento mais forte para reconstruir o 'stock' de capital da economia a apoiar um maior equilíbrio estrutural da economia", orientando-a para o setor transacionável.
A organização recomenda ainda "aumentar as qualificações" dos trabalhadores para, desta forma, aumentar o potencial de crescimento da economia.
Tanto o investimento como as qualificações dos trabalhadores vão aumentar a produtividade e isto é "a base para salários mais altos e, assim, maior bem-estar no longo prazo".
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