Ao participar numa conferência na Universidade de Évora (UÉ), Carlos Costa foi questionado por um aluno da academia alentejana sobre o ponto de situação da venda do Novo Banco, mas limitou-se a afirmar que o processo “está em curso”.
“Sobre o Novo Banco não vou falar, como é óbvio. O que posso dizer é que é uma rede muito importante em termos de financiamento da economia e das pequenas e médias empresas”, sendo esse papel “muito bem entendido por todos os que conhecem a economia portuguesa e o sistema financeiro”, realçou.
O governador do Banco de Portugal (BdP) argumentou ainda que a expetativa existente é a de que o processo de venda do banco “seja compatível com o valor supremo que é o valor da estabilidade financeira e da continuação de financiamento da economia”.
O novo processo de venda do Novo Banco - a instituição resultante da resolução do Banco Espírito Santo (BES) - foi aberto em janeiro deste ano e o prazo para os interessados apresentarem propostas finais e melhoradas para a compra terminou no dia 04 deste mês.
Nesse dia, em comunicado, o BdP revelou ter recebido “cinco propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda, Procedimento de Venda Estratégica e Procedimento de Venda em Mercado" e que agora serão analisadas "à luz dos critérios” dos “respetivos cadernos de encargos, divulgados no passado mês de abril".
Os nomes dos candidatos não foram revelados pelo supervisor, mas, segundo a imprensa, são os bancos BCP e BPI e os fundos Apollo/Centerbridge, em parceria, e Lone Star, que apresentaram propostas no âmbito do processo de venda direta, enquanto a ‘holding' China Minsheng se propõe ser acionista do Novo Banco através da opção de venda em mercado.
Na conferência de hoje em Évora, intitulada "A Supervisão Para Além do Supervisor", o governador do BdP respondeu igualmente a um estudante que quis saber porque é que não se pode “deixar cair um banco” em Portugal.
“É muito bonito deixar cair um banco, mas se tiver lá depósitos não fica contente, pois não? Se souber que os seus depósitos desapareceram da noite para o dia não fica contente. O que vai dizer é porque é que não me garantiram depósitos”, retorquiu Carlos Costa.
Neste tipo de casos, “o custo social, o custo coletivo, é muito superior ao custo de uma intervenção” e, como “a estabilidade do sistema financeiro é um bem público de natureza superior”, torna-se necessário intervir, defendeu o governador do BdP.
“O sistema financeiro funciona como o sistema sanguíneo. Porque é que vou intervir sobre um coágulo que está a bloquear uma artéria? O problema é que morre o doente [Se não o fizer]. Portanto, tenho que intervir”, comparou.
O banco, explicou, "pode desaparecer", mas tem de haver "alguém que assegura a continuidade das funções, relativamente aos depositantes e ao financiamento".
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