Depois de pouco mais de uma hora de audição, em que o ex-presidente da Ongoing respondeu apenas à deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, Fernando Negrão resolveu encerrar os trabalhos, depois da bloquista ter dito que não iria colocar mais questões, considerando que Nuno Vasconcellos não estava a responder.
"Ficou claro, de uma forma pública e notória, que o senhor se recusa sistematicamente e sem explicações plausíveis, a admitir que seja titular de qualquer dívida. Surge igualmente claro que não responde a nenhuma pergunta de forma construtiva. E resulta ainda clara que a sua única preocupação é construir a sua defesa", disse Negrão, adiantando depois que, em conjunto com os deputados da Comissão, entendeu "dar por terminada" a audição.
Durante a audição, Nuno Vasconcellos disse várias vezes que as dívidas “são da Ongoing” e não suas pessoalmente. “A dívida total”, garantiu, é de de 721 milhões de euros, incluindo à Segurança Social, trabalhadores, fornecedores e bancos, “sobretudo ao BES, que era o maior credor com uma dívida de 520 milhões com juros”.
“Essa dívida foi provisionada e quem tem de pagar é a Ongoing, que tinha um contrato com o BES”, assegurou, salientando que “a pergunta está feita no pessoal, mas deveria ter sido feita à Ongoing”.
No início da audição, Vasconcellos manifestou “a intenção de não deixar qualquer pergunta sem resposta” e garantiu que iria dizer “toda a verdade”.
“Nunca fugi às minhas responsabilidades” disse, acrescentando que sempre iria lutar contra quem tentasse “torná-las maiores do que são”.
Nuno Vasconcellos disse ainda que nunca se negou “a comparecer perante este parlamento”, estranhando “a informação amplamente divulgada" de que não o encontravam para o notificarem e garantindo que a sua morada “é conhecida pelas autoridades”.
“Não tenho nada a esconder sobre a minha conduta como empresário ou gestor. Não agi de má-fé” disse, rejeitando estar “entre os responsáveis por levar Portugal à mais grave crise que enfrentou na sua história recente”.
A minha família "tinha ativos imobiliários que ficaram no BES”
Ouvido na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, o empresário, que falou do Brasil, onde reside, disse que o grupo detinha vários ativos, nomeadamente imobiliários, além de ações de várias empresas.
“Eu tinha ativos imobiliários em nome da minha família, que [os] entregou ao banco, como garantia, que não fazem parte do ativo da Ongoing” e que foram concedidos “como garantia de um aval pessoal”, estando, adiantou, avaliados em perto 10 milhões de euros e “que ficaram no BES”.
“Dizem que eu só tinha uma mota de água”, ironizou, depois de listar vários ativos imobiliários.
“A dívida foi provisionada, mas os ativos estavam lá”, referiu, adiantando que o grupo tinha “mais de mil milhões de euros em ativos, dos quais muitos imobiliários, não eram ativos intangíveis”, garantiu.
Vasconcellos garantiu que a dívida da Ongoing ao Novo Banco é de 520 milhões de euros e reforçou que havia “ativos e garantias que foram avaliadas”.
Quanto ao destino desses ativos, Vasconcellos disse que “provavelmente não foram vendidos da melhor forma”, criticando a atuação da administração do Novo Banco.
“Na minha opinião o BES nunca se deveria ter tornado Novo Banco”, salientou ainda.
(Notícia atualizada às 18h28)
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