Adalberto Campos Fernandes falava durante a apresentação pública da Estrutura de Missão para a Sustentabilidade do Programa Orçamental da Saúde, ao lado do ministro das Finanças, e sublinhou a enorme “coesão interna” do Governo.
“Sobre a questão da expressão que o ministro das Finanças teve no parlamento, e que foi tão empolada, de que havia má gestão na saúde, é evidente que existe má gestão na saúde, como em outras áreas setoriais”, disse Adalberto Campos Fernandes.
E acrescentou: “Basta ir ao Portal do SNS e ver o que o Ministério da Saúde publica para ver que existem hospitais com muito bom desempenho e outros com muito mau desempenho”.
“O que temos de fazer é ajudar aqueles que têm pior desempenho a aproximarem-se das melhores práticas e por isso é que esta unidade de missão vai ter como objetivo abrir espaço a avaliar o que está a ser feito a cada momento, sugerindo, recomendando, mas também a projetar os próximos anos, embora a unidade tenha o seu mandato limitado pela legislatura”, prosseguiu.
O ministro das Finanças aproveitou para esclarecer que, com a criação desta unidade de missão, “não há nenhuma duplicação de funções. Há um pensamento muito claro e delimitado, quer no tempo quer no objeto, que depois será delegado às instituições responsáveis pela gestão do sistema”.
“Estamos a fazer um esforço da recuperação da situação face aos atrasos nos pagamentos, mas queremos ter a certeza de que os mecanismos de geração desse endividamento não se voltam a repetir no futuro”, disse.
Mário Centeno explicou que a visão do Governo de reformas estruturais “está associada a soluções estruturais e duradouras”.
“É precisamente isso que procuramos também nesse momento: garantir que não voltamos a percorrer um ciclo de pagamentos e de endividamento que não é saudável para a gestão, nem financeira, nem técnica, nem para a qualidade da prestação de cuidados”, afirmou.
Nesta matéria, Adalberto Campos Fernandes mostrou-se “um bocadinho menos otimista que o Ministro das Finanças”.
“Em nenhuma parte do mundo civilizado se viu a questão da sustentabilidade definitiva e duradoura ter sido resolvida, porque há imponderáveis e variáveis e determinantes que não controlamos, nomeadamente a da inovação terapêutica e a transição demográfica e do envelhecimento”, sustentou.
No final da cerimónia, o coordenador da unidade de missão, Julian Perelman, preferiu não prestar comentários sobre as suas funções.
“Precisamos de analisar as contas, de falar com uma série de pessoas para falar com conhecimento de causa e não dizer generalidades”, limitou-te a dizer.
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