"Já nem é boa notícia, é uma magnífica notícia o haver um crescimento no segundo trimestre de 3%, já está mais próximo daquilo que eu considero que é aquilo para que devemos apontar para haver equilíbrio financeiro, para haver emprego. Para haver a justiça social nós precisamos de crescer a 3% ou mais", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no Porto, à margem de um almoço com jovens que "nasceram do lado em que não há sol", na associação Arco Maior.
Já sobre os números do défice, o chefe de Estado considerou que "a notícia é muito boa" para o país: "Quer dizer que de 3,1% passamos para 1,9%, o que significa que em vez de termos 2% como tivemos no fim do ano anterior podemos ter 1,5%, não sei se um bocadinho menos mas 1,5% este ano", argumentou.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) voltou hoje a rever em alta o crescimento económico do segundo trimestre deste ano, de 2,9% para 3%, e revelou que o défice orçamental foi de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, uma diminuição face aos 3,1% registados no período homólogo.
Questionado sobre se via com preocupação a inclusão da injeção financeira para capitalização da Caixa Geral de Depósitos nos números do défice, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se descansado.
"Supondo que a Comissão Europeia entende no fim do ano que se deve somar há uma coisa que me parece pacífica, é que não conta para efeito de défice excessivo, é uma mera soma aritmética. Porquê? Como não é uma realidade que se repita todos os anos, é só um ano, mesmo que seja contabilizada, vamos imaginar que é 1,5%, mais 2, ou 2,2, ou 2,4 dá 3, não sei quantos. Está acima dos 3. Mas a parte acima dos 3 não conta para efeitos de défice excessivo", explicou.
Embora satisfeito com o comportamento da economia, o chefe de Estado avisou que não é tempo de entrar em "euforias" mas também não é altura para pessimismos.
"Os dados devem ser encarados com bom senso, nem com pessimismo, nem com euforia. Nem com pessimismo, dizer que foi assim porque a Europa está assim, porque o mundo foi assim, que não tem mérito nenhum nosso, isto vai piorar, há sempre quem tenha normalmente essa mania", descreveu.
"E depois há os que tem a mania oposta. Quer dizer, há mais dinheiro? Vamos gastar mais dinheiro. Ai há mais crescimento? Então é altura de fazermos muito mais despesas nem que isso dignifique voltar a criar problemas no défice", continuou.
"Encontrar um meio-termo entre o não estar sempre a profetizar tragédias e o não estar sempre à espera de euforias para depois dormir à sombra da bananeira é o equilíbrio que temos que encontrar", avisou.
Questionado ainda se os números da economia podem fazer acreditar num segundo semestre melhor do que o primeiro, o presidente da República já não se mostrou tão confiante.
"Eu não digo tanto, o que eu digo é que não me parece que seja pior do que aquilo que acabou por ser a evolução do primeiro" semestre, concluiu.
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