“As taxas de juro subirão até ao momento em que consideremos que o perfil da inflação seja suficientemente robusto para, tão rapidamente quanto possível, trazermos a inflação para 2%”, começou por dizer Centeno, que afirmou que está a decorrer um “processo de normalização da política monetária”.
Na “Grande Conferência Expresso 50”, Centeno referiu acreditar que este processo pode facilitar a retoma de valores das taxas de juro “historicamente mais consentâneos com os valores do passado”.
Segundo Centeno, as atuais taxas estão a atingir, nos termos das taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE), “valores muito próximos dos seus valores mais altos”.
“Se nós não formos sujeitos a mais nenhum choque exógeno nos preços internacionais, nos preços da energia, se isso acontecer, nós conseguiremos — e as projeções vão nesse sentido — trazer a taxa de inflação de valores acima de 10% no final de 2022 para valores muito próximos de 3% em 2023”, registou o antigo ministro.
Mário Centeno sublinhou que a inflação alta é “mais negativa para a economia que este processo de normalização das taxas de juro”.
O governador do BdP saudou os dados da inflação na Zona Euro, hoje divulgados, considerando que são “muito positivos”.
A taxa de inflação homóloga recuou novamente em dezembro de 2022 para os 9,2% na zona euro, face aos 10,1% de novembro, segundo uma estimativa rápida do Eurostat.
Centeno sublinhou a importância de garantir que as economias mantêm essa trajetória de abrandamento da inflação, mas alertou que este é um indicador retrospetivo e que, por isso, deverá haver “alguma resistência no início do ano” devido a atualizações de contratos.
“Quando olhamos para a inflação, estamos a olhar para a inflação nos últimos meses, e quando atualizamos os preços hoje com base nesse indicador de inflação estamos a criar resistência à inflação a baixar, portanto janeiro e fevereiro poderão vir a representar um certo planalto nos valores da inflação”, advertiu.
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