O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje o valor do crescimento da economia portuguesa no conjunto de 2016, tendo a economia crescido acima das previsões do Governo, da Comissão Europeia e dos analistas.
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9% em termos homólogos e 0,6% face ao trimestre anterior, e 1,4% no conjunto do ano 2016.
Adianta o INE que o crescimento no 4º trimestre de 2016 se deveu ao "aumento do contributo da procura interna, observando-se uma recuperação do Investimento e um crescimento mais intenso do consumo privado". No entanto, pela negativa, verificou-se "uma aceleração mais acentuada das Importações de Bens e Serviços em volume que a das Exportações de Bens e Serviços".
No que diz respeito ao conjunto do ano - tendo a economia crescido 1,4% - o "contributo da procura interna para a variação do PIB diminuiu" o que se refletiu na "redução do Investimento e, em menor grau, a desaceleração do consumo privado". No que diz respeito às exportações, estas tiveram "um contributo significativamente menos negativo que em 2015".
Na segunda-feira, a Comissão Europeia tinha já revisto em alta a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português, prevendo uma subida de 1,3%, um valor semelhante à média de previsões de analistas contactados pela agência Lusa. Embora ligeiramente acima da previsão de 1,2% estimada pelo Governo no Orçamento do Estado para 2017 (em outubro), este valor, a confirmar-se, está ainda assim abaixo do crescimento do PIB registado em 2015, quando progrediu 1,5%.
A Comissão Europeia justificou a melhoria da previsão devido a um “forte desempenho na segunda metade do ano, particularmente no turismo”, e no consumo privado, apesar da contração no investimento.
Os economistas contactados pela Lusa estimavam uma subida do PIB de 1,3%. Entre as estimativas recolhidas pela Lusa, apenas o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) apresentou a estimativa de crescimento mais otimista, de 1,4%, depois de um quarto trimestre do ano que "correu bastante bem". E que parece confirmar-se.
Após o crescimento económico no terceiro trimestre (0,8% em cadeia e 1,6% em termos homólogos) ter apanhado os analistas de surpresa, o ISEG antecipa que este ritmo se tivesse mantido nos últimos três meses do ano, ao crescer também 0,8% em cadeia e 2% em termos homólogos.
Segundo António da Ascensão Costa, do ISEG, foi "claramente o consumo privado" a explicar o crescimento de 2016, que, no segundo semestre, acelerou, "começando a responder a um conjunto de medidas que tinham sido tomadas" pelo Governo, como o fim faseado dos cortes salariais na Administração Pública.
Por sua vez, o Núcleo de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica tinha previsto uma subida de 1,3% no PIB em 2016, estimativa influenciada também pela "surpresa positiva" do terceiro trimestre.
Nesse sentido, o NECEP antecipava que o PIB tivesse crescido, no quarto trimestre, 0,6% em cadeia e 1,8% em termos homólogos.
Questionado sobre o que explica o crescimento económico no conjunto do ano, João Borges de Assunção, da Católica, disse que "uma das possibilidades é a maneira como o próprio Governo construiu a política orçamental em 2016, porque há uma série de efeitos que só ocorreram no final do ano", como a reposição dos salários da função pública e a redução do IVA na restauração.
O BPI, por sua vez, antecipou nas projeções para a Lusa que a economia tinha crescido entre 1,2% e 1,3% em 2016, depois de um quarto trimestre com uma subida entre 0,4% e 0,5% em cadeia e entre 1,6% e 1,8% em termos homólogos.
"Parece-nos que, atendendo também à dinâmica do resto do ano, os principais contributos poderão ser das exportações e do consumo privado também. E depois nota-se uma tentativa de estabilização das exportações para Angola que têm um peso significativo ainda. Também deverá ponderar o reforço da atividade de turismo”, disse a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho.
Já o Montepio apresentava a estimativa mais pessimista, antecipando que o PIB aumentasse 1,2% no conjunto de 2016 – em linha com o Governo.
"O abrandamento face a 2015 resultou sobretudo do investimento em capital fixo, que terá caído em 2016", destacou o economista-chefe do banco, Rui Bernardes Serra. O economista salientou ainda que o consumo privado também terá tido "algum abrandamento", enquanto as "exportações líquidas terão tido um contributo ligeiramente positivo para o crescimento".
(Notícia atualizada às 10h26)
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