Segundo as Estatísticas do Comércio Internacional do Instituto Nacional de Estatística (INE), para esta diminuição “contribuiu significativamente” a evolução dos preços deste tipo de bens nos mercados internacionais, nomeadamente a cotação do petróleo bruto (brent), cujo preço médio anual, em euros, diminuiu 36,3% em 2020.
“É de salientar também a mudança nas condições dos mercados nacional e internacional que levaram à suspensão da produção nas refinarias e à diminuição do consumo energético (-4%, -11% e -15% no consumo final de eletricidade, gás natural e derivados do petróleo, respetivamente, face a 2019), devido à diminuição no transporte de passageiros e mercadorias, decorrente do impacto da pandemia covid-19″, acrescenta o INE.
Nas exportações, o maior decréscimo em valor ocorreu no subcapítulo dos ‘óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, exceto óleos brutos’ (-1.057 milhões de euros, principalmente para os Estados Unidos), enquanto nas importações foi nos ‘óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos’ (-1.450 milhões de euros, principalmente de Angola).
Em relação às quantidades transacionadas, destacou-se o decréscimo significativo nas importações de ‘hulhas; briquetes, bolas em aglomerados e combustíveis sólidos semelhantes, obtidos a partir da hulha’ (-2.613 milhões de quilos, sobretudo da Colômbia).
No que se refere às exportações de ‘energia elétrica’, verificou-se um aumento em valor (+23 milhões de euros) e em quantidade (+1.306 kilowatts/hora – kWh), enquanto nas importações ocorreu um decréscimo no valor (-136 milhões de euros) e na quantidade (-639 kWh).
Segundo o INE, o aumento na exportação e diminuição da importação de eletricidade “reflete uma produção superior ao consumo em 2020, tendo sido exportado o excedente”: “Enquanto a produção registou um ligeiro aumento (produção líquida aumentou 0,9% face a 2019), o consumo diminuiu devido à contração da atividade económica no contexto da pandemia”, explica.
Analisando as transações de combustíveis e lubrificantes por países, verifica-se que os maiores decréscimos ocorreram nas exportações para os Estados Unidos (-263 milhões de euros face a 2019) e nas importações provenientes de Angola (-688 milhões de euros em relação ao ano anterior).
Nas exportações destacam-se também os decréscimos para Espanha (-124 milhões de euros), Países Baixos (-121 milhões de euros), Marrocos (-53 milhões de euros) e França (-45 milhões de euros).
Já nas importações, o segundo maior decréscimo ocorreu nas importações provenientes da Rússia (-530 milhões de euros), seguindo-se Espanha (-420 milhões de euros), Azerbaijão (-395 milhões de euros) e Argélia (-361 milhões de euros).
Nos cinco países com maiores decréscimos nas exportações, as diminuições ocorreram sobretudo devido aos ‘óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, exceto óleos brutos’.
Nos decréscimos nas importações provenientes de Angola, Rússia, Azerbaijão e Argélia destacaram-se as descidas nos ‘óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos’, enquanto na diminuição das importações provenientes de Espanha os maiores decréscimos ocorreram nos ‘óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, exceto óleos brutos’ e na ‘energia elétrica’, sendo este o único país com o qual Portugal transaciona este bem.
Globalmente, as exportações portuguesas de bens caíram 10,2% em 2020 face a 2019, recuando pela primeira vez desde 2009, enquanto as importações diminuíram 15,2%.
O défice da balança comercial de bens diminuiu 6.024 milhões de euros para 14.051 milhões de euros”, refletindo-se num acréscimo da taxa de cobertura de 4,4 pontos percentuais (79,3% em 2020).
Excluindo combustíveis e lubrificantes, em 2020 as exportações e as importações decresceram respetivamente 8,9% e 12,6% (+4,4% e +6,8% em 2019). O défice da balança comercial excluindo combustíveis e lubrificantes situou-se em 10.670 milhões de euros, diminuindo 3.966 milhões de euros face a 2019.
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