“Depois de um colapso no ano passado causado pela pandemia de covid-19, a produção económica mundial deverá expandir-se 4% em 2021, mas permanecer 5% abaixo das projeções pré-pandemia”, pode ler-se no relatório hoje publicado pelo BM.
Face aos números anteriormente projetados, em junho, a instituição liderada por David Malpass reviu em baixa, em 0,2 pontos percentuais (p.p.), a estimativa para o crescimento de 2021, mas reviu em alta a estimativa de 2020 em 0,9 p.p., perspetivando um crescimento de 3,8% para 2022.
Segundo o Banco Mundial, o crescimento projetado para 2022 é condicionado “pelos danos duradouros para o crescimento potencial” causados pela pandemia de covid-19.
Num cenário adverso estimado pelo BM, o crescimento global fica limitado a 1,6% em 2021 e 2,5% em 2022, e num severamente adverso estima-se uma nova recessão em 2021 e um crescimento de 2% em 2022, ao passo que num cenário mais otimista o crescimento sobe para quase 5% em 2021.
“A recuperação global, que foi atenuada no curto prazo devido a um ressurgimento de casos de covid-19, deverá fortalecer-se no horizonte de projeção, à medida que a confiança, o consumo e o comércio melhoram gradualmente, apoiados pela vacinação gradual”, pode ler-se no relatório hoje divulgado pela instituição sediada em Washington.
Nas perspetivas para 2021, o Banco Mundial identifica ainda alguns riscos à sua projeção, como por exemplo “a possibilidade de um aumento maior dos casos do vírus, atrasos na aquisição e distribuição de vacinas, efeitos mais severos e duradouros no produto potencial devido à pandemia, e ‘stress’ financeiro acionado pelas dívidas altas e fraco crescimento”.
O Banco Mundial considera que, “para enfrentar o legado adverso da pandemia, será crítico fomentar a resiliência ao salvaguardar a saúde e a educação, priorizar investimentos nas tecnologias digitais e infraestrutura ‘verde’ [ecológica], melhorar a governança e fomentar a transparência da dívida”.
Relativamente às economias avançadas, a instituição liderada por David Malpass prevê um crescimento económico de 3,5% nos Estados Unidos, 3,6% na União Europeia e 2,5% no Japão, depois de recessões de 3,6%, 7,4% e 5,3% em 2020, respetivamente.
Já a China deverá crescer 7,9% em 2021, depois de um crescimento estimado de 2,0%, “o menor ritmo desde 1976, mas acima de projeções anteriores, ajudadas pelo controlo efetivo da pandemia e estímulos liderados pelo investimento público”.
“A covid-19 causou uma recessão global cuja profundidade foi ultrapassada apenas pelas duas guerras mundiais e pela Grande Depressão no último século e meio”, caracteriza o Banco Mundial.
Segundo a instituição, “depois da recuperação inicial a meio de 2020, a recuperação da economia mundial abrandou. Ao passo que a atividade e comércio no setor dos bens melhorou, o setor dos serviços continua anémico, com o turismo internacional, em particular, ainda deprimido”.
O Banco Mundial alerta ainda para as “implicações importantes” da inflação e taxas de juro baixas, nomeadamente no que diz respeito à política monetária e orçamental.
“Nas economias avançadas, onde o espaço para apoio adicional de política monetária é limitado, os modelos de banco central estão a ser reavaliados, ao passo que a política orçamental está a ter um papel mais proeminente na estabilização macroeconómica”, considera o Banco Mundial.
No longo prazo, o banco sediado em Washington crê que a pandemia veio “assinalar a necessidade urgente de reformas nas economias avançadas que aproveitem os benefícios da realocação setorial e reforcem a adoção da automação e tecnologias digitais, juntamente com o fortalecimento de redes de apoio social para facilitar este processo”.
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