Durante a apresentação das Perspetivas Económicas Regionais para a África subsaariana, este ano em formato virtual, Selassie disse que a recessão de 1,6% prevista para o continente em 2020 “pode ser ainda maior” e salientou que esta redução tem origem num “cocktail venenoso que junta a descida da produção económica com os impactos da pandemia”.
No relatório, o FMI diz que “o crescimento nos países exportadores de petróleos deve cair de 1,8% em 2019 para -2,8% este ano, o que revela uma queda de 5,3 pontos percentuais face ao relatório de outubro”.
A crise “ameaça afastar a região do seu caminho, revertendo os progressos encorajadores no desenvolvimento dos anos recentes”, diz o FMI, alertando também que “ao ceifar um número pesado de vítimas, prejudicando a subsistência, e afetando os negócios e as contas públicas, a crise ameaça também abrandar as perspetivas de crescimento da região nos próximos anos”.
Num quadro de incerteza ainda maior que o habitual, o FMI antecipa que a África subsaariana tenha um crescimento negativo de 1,6%, o maior de que há registo e 5,2 pontos percentuais abaixo das previsões de outubro, e prevê que em 2021 o continente volte ao crescimento, vendo o PIB expandir-se, em média, 4,1%.
Para o Fundo, a previsão de recessão para a África subsaariana explica-se por três grandes fatores: as medidas de contenção, que prejudicam a atividade económica, os efeitos do abrandamento da economia global, também ela em recessão este ano, e a “forte queda do preço das matérias-primas, especialmente o petróleo, que amplia os desafios em algumas das maiores economias dependentes de recursos, nomeadamente Angola e Nigéria”.
Estes choques, explica o departamento africano do Fundo, “vão interagir com as vulnerabilidades atuais, exacerbando as condições económicas e sociais de cada país”.
Reconhecendo que “as medidas que os países tiveram de tomar para garantir o distanciamento social e impedir as pessoas de circular vão de certeza colocar em perigo a subsistência de inúmeras pessoas vulneráveis”, que “vão sofrer” por causa das limitadas proteções sociais que existem para compensar a perda de rendimentos.
Para o setor público de muitos países, esta crise, conclui o FMI, “não podia ter vindo em pior altura”.
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