A frota dos sete barcos da Volvo Ocean Race (VOR) segue a passos largos até Hong Kong. Numa perna que começou em Melbourne (de onde saíram no passado dia 2) e que deve chegar a território chinês (previsões apontam para dia 19) na embarcação com bandeira portuguesa Turn the Tide on Plastic seguem, juntos, dois velejadores portugueses, Bernardo Freitas e Frederico Pinheiro de Melo, facto que acontece pela primeira vez na prova que se realiza desde 1973.
À entrada dos Doldrums - uma zona de baixas pressões conhecida por ventos fracos – deitados, na altura na liderança, a navegar a passo de caracol e debaixo de um calor tórrido, tropical, de mais de 45 graus, os dois velejadores aproveitaram a pausa de cerca de três dias sem vento para falar de viva voz sobre a experiência tida no Volvo Ocean 65 capitaneado pela velejadora Dee Caffari, skipper do barco patrocinado pela Fundação Mirpuri.
Frederico Pinheiro de Melo entrou a bordo em Lisboa (etapa que ligou a capital portuguesa à Cidade do Cabo, na África do Sul) e de lá ainda não saiu. Deixou a cidade sul-africana rumo a Melbourne, e, sem descanso da Austrália segue, agora, a navegar as 6000 milhas náuticas (11 mil quilómetros) até Hong Kong, porto que pela primeira vez na prova serve de paragem à regata que dá a volta ao mundo.
“A perna Cidade do Cabo para Melbourne foi bastante dura. Muito frio, poucas horas de sono e muitas dores no corpo, mas uma boa cama e um bom chuveiro faz mudar tudo, a moral...”, descreveu o velejador de Cascais. Assumindo que a paragem foi “curta”, a “vontade de começar” surgiu “passado três dias”.
Falando sobre a 4ª etapa, em direção à China, destaca as “muitas ilhas, obstáculos e recifes no caminho” que obrigam as equipas a estarem atentas. “Tem essas dificuldades que mantém o jogo muito mais em aberto”, alerta.
Bernardo Freitas, que fez por mar a ligação Alicante-Lisboa, na primeira etapa da Volvo Ocean Race, saltou as etapas da Cidade do Cabo e Melbourne, onde aterrou para entrar no barco. “É diferente ver de fora. Os Mares do Sul são uma parte do oceano que nunca estive e que se fala ser o lugar mais remoto. Gostava de ter levado o meu corpo ao limite”, afirmou o velejador que se estreia este ano na vela offshore.
Com as conversas com o colega de equipa, Pinheiro de Melo, na bagagem, reconheceu ser “incrível ver as imagens dentro dos barcos a partir de casa, as fotos e vídeos, as condições atmosféricas, como se vestem os velejadores”, enumerou. “Estamos sempre a aprender”, resumiu.
Entre o culminar de uma carreira e o sonho de uma equipa 100% portuguesa
Sobre a presente etapa até Hong Kong, Bernardo Freitas explica que “ter de novo o Equador e as Doldruns (ponto geográfico entretanto ultrapassado) que impõe mais fatores para o navegador que tem de escolher o caminho melhor, que muitas vezes não é fácil por causa da existência de muitas ilhas e nuvens que atrapalham”, avisou.
Em relação à participação na Volvo Ocean Race dos dois velejadores portugueses, e em especial nesta etapa em que navegam em conjunto, “é um orgulho”, começou por reconhecer Bernardo Freitas, que considerou ser “quase o culminar das nossas carreiras”. “Não há agradecimentos possíveis para esta oportunidade (proporcionada pela Fundação Mirpuri)”, deixou claro.
Por sua vez, Frederico Pinheiro de Melo que se orgulha de estar a representar Portugal nesta aventura náutica espera que a experiência “abra portas para que outros jovens entrem na Volvo Ocean Race”, sustentou. “Temos pela primeira vez três velejadores (dois numa equipa e outro noutra), qualquer dia talvez possamos ter uma equipa 100% portuguesa”, finalizou.
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