“Portugal? Manuel José”. Achmed Ismail é fanático do Zamalek, um dos principais clubes do futebol egípcio, mas não se esquece dos oito anos em que o treinador português esteve à frente do Al-Ahly, conquistando todos os títulos possíveis.
“Manuel José ‘is big, is the best’. Portugal ‘very good’”, arrisca, em inglês, Ali Youseff, equipado de vermelho, com as cores do Al-Alhy.
A poucos dias da visita do Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, a Portugal, que começa na segunda-feira, Manuel José é ainda a maior referência de Portugal no país.
“É uma loucura por mim. É um caso de estudo que ultrapassou os resultados desportivos porque sou respeitado pelos adeptos de todos os clubes”, comenta, em declarações à Lusa, o treinador português.
Manuel José é de tal modo famoso no Egito que a comitiva daquele país insistiu para que o técnico fizesse parte do jantar oficial da Presidência da República Portuguesa.
“Costumo ir muitas vezes ao Egito e já abri uma academia de futebol” no país, explica o treinador, que não consegue explicar “a adoração” do povo egípcio.
“Houve um clique qualquer. Aquilo é uma maluquice comigo de toda a gente”, diz.
Hicham, sacristão de uma das igrejas coptas do Cairo é um exemplo. E mostra, com orgulho, uma ‘selfie’ com Manuel José, enquanto repete: “ele é um bom homem”.
O treinador tenta arranjar uma explicação para esta devoção, recordando o seu discurso enquanto técnico do Al-Ahly na defesa dos mais pobres.
“Disse sempre aos jogadores que a nossa bandeira é a bandeira dos pobres” e “era um discurso sincero”, diz Manuel José, salientando que também apoiou publicamente muitas instituições de caridade.
A imagem do futebol egípcio está associada ao fervor dos adeptos, mas Manuel José distingue a “rivalidade saudável” do fanatismo.
“Eles são doidos pelo futebol, mas depois adeptos do Zamalek e do Al-Ahly saíam de mãos dadas”, salienta.
“O Egito é um país fantástico mas a situação está agora mais difícil”, diz, apontando a inflação elevada (na ordem dos 50 por cento ao ano) e a insegurança como os principais problemas atuais.
“O Egito tinha como maior fonte de riqueza o turismo e a fama das praias” mas “agora há menos gente”, salienta.
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