“O futebol liga tudo. Uma equipa tem católicos, muçulmanos e gente de todas as religiões, que convivem, respeitam-se e trabalham em equipa. É na diversidade de convicções que está a virtude”, disse.
Fernando Santos, que em 2001 começou a treinar na Grécia, partilhou a sua experiência de viver fora de Portugal, classificando-se como “um emigrante de luxo” durante o lançamento em Portugal da campanha ‘Partilhar a Viagem’, uma iniciativa a favor dos migrantes e refugiados que envolve 160 países e à qual se juntou a Cáritas Portuguesa.
Assumindo que a língua, com a qual se viu “grego”, foi a principal barreira, Fernando Santos, que entre 2001 e 2003 treinou o AEK e o Panathinaikos, admitiu que depois de estar instalado na Grécia a primeira coisa que fez foi procurar uma igreja onde pudesse participar na eucaristia.
“Comecei a integrar-me através da participação na eucaristia, num país maioritariamente ortodoxo”, disse, acrescentando mais à frente: “Os meus maiores amigos gregos são dois monges ortodoxos”.
No entanto, o atual selecionador de Portugal, que em 2004 voltou a Atenas para orientar o AEK, assumiu ter cometido um erro quando chegou à Grécia.
“Percebi que estava a cometer um erro. Não tinha que comparar a Grécia com Portugal. Tinha era de ter o propósito de passar a ser grego”, disse.
Transpondo a sua experiência para os migrantes, Fernando Santos considerou que quem acolhe deve estar disponível, mas quem é acolhido também tem de estar predisposto a ser aceite.
“Temos de estar de braços abertos para receber, mas quem chega tem de perceber que esses braços abertos têm de ser abraçados”, afirmou o técnico, que entre 2008 e 2011 treinou o PAOK e depois a seleção grega.
Fernando Santos falou ainda do orgulho de cada um na sua nacionalidade, lembrando que quando chegou a Marcoussis, em França, onde Portugal estagiou durante o Europeu de 2016, “havia duas bandeiras portuguesas nas janelas”.
“Quando saímos de lá, já depois de nos termos sagrado campeões europeus de futebol, 80% das casas de Marcoussis eram portuguesas, tinham bandeiras”, contou.
Além de Fernando Santos, participou no debate o escritor argentino Rodolfo Castro, que há vários anos vive em Portugal.
A campanha ‘Partilhar Viagem’ pretende juntar migrantes e comunidades de acolhimento, incentivando os encontros e a partilha de histórias.
O projeto foi hoje lançado na praça de São Pedro, no Vaticano, que o classificou como uma forma de combater o “crescente sentimento anti-imigrante nos Estado Unidos e na Europa”.
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