“Se alguém estiver interessado, estamos disponíveis a avaliar”, afirmou Gonçalo Lopes (PS) na reunião do executivo municipal após ser interpelado pelo vereador da oposição Álvaro Madureira (independente, eleito pelo PSD).
Álvaro Madureira começou por lembrar as “despesas sistemáticas” que tem o Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, casa da União Desportiva de Leiria que subiu à II Liga esta época, considerando que se podem “tirar vantagens (…), colocando à venda esse imóvel”, pois à Câmara “não lhe compete gerir este tipo de património”.
“A função do município é gerir o concelho”, referiu o vereador, considerando que pode “haver outras entidades que façam a aquisição daquele imóvel e que tragam valor acrescentado para Leiria”, incluindo outro tipo de eventos.
Álvaro Madureira disse que a Câmara não pode ter o estádio “só para alguns eventos” e pediu “uma estratégia” para o colocar à venda de uma “forma ativa”.
“O que se propõe é que a Câmara desenvolva todos os esforços nesse sentido”, defendeu ainda.
Na resposta, Gonçalo Lopes começou por destacar a importância do estádio, que está a ser utilizado do ponto de vista desportivo nas mais diversas áreas e com tendência para crescer com a subida de divisão da União Desportiva de Leiria, referindo que acolheu a vacinação contra a covid-19 e refugiados da Ucrânia, além de exposições, concertos, festivais ou conferências.
“Ao longo da última década, o estádio (…) desenvolveu muito a sua agenda e hoje é um espaço importante para a atividade cultural e desportiva do concelho”, declarou, reconhecendo que o Topo Norte, área do estádio ainda inacabada e que vai ser ocupada parcialmente por serviços das Finanças, tem uma “vocação mais económica”.
A Álvaro Madureira, o presidente da Câmara desafiou a informar caso conhecesse interessados na compra e recusou um “procedimento de venda sem ter um interesse claro”, ao referir-se à hasta pública.
“Se tiver alguém interessado em comprar, podemos claramente analisar. Não ponho isso fora de hipótese”, declarou Gonçalo Lopes, advertindo que “um estádio, por si só, não é rentável”, mas que a estrutura municipal “vale pela sua localização, Topo Norte e estacionamento e por aquilo que pode fazer além do estádio”.
Álvaro Madureira pediu à Câmara “uma atitude de pôr a render o estádio, vendê-lo, por forma a que traga receitas para o erário público”, para investimentos noutros setores, dadas as despesas atuais e futuras de manutenção e notando que “falta pagar o resto da dívida”.
Gonçalo Lopes contrapôs que o estádio “continua a ser um espaço importante na política municipal”, que “não é só despesa, é também retorno”, desportivo e cultural.
Já o vereador que tem o pelouro do Desporto, Carlos Palheira, frisou que “um estádio é muito diferente de um campo de futebol”, sendo que num estádio se praticam várias modalidades, enumerando as que ficariam sem resposta se a venda se concretizasse.
“Era importante, depois, termos uma resposta a estas associações e a todos estes clubes e às centenas de jovens e menos jovens que usam esta instalação para a sua formação”, disse Carlos Palheira, assinalando que o estádio “realiza eventos corporativos, desportivos e culturais, e realizações por ano são cerca de 500”, sem contabilizar os treinos.
Por outro lado, salientou a importância do estádio municipal na “grande função de proteção civil à comunidade leiriense”.
“É uma instalação de dimensão, sim, é uma instalação com uso, sim, e há um conjunto de entidades que ficariam um pouco descalças na sua função”, alertou o vereador.
O Estádio Municipal de Leiria foi remodelado e ampliado para o Euro2004, num investimento de 88 milhões de euros, era então o município liderado pelo PSD.
Em 2011, já com o PS a presidir à Câmara, a autarquia tentou vender o estádio, numa hasta pública com um preço base de 63 milhões de euros. Nessa hasta pública, que ficou deserta, não entrava uma parte do Topo Norte.
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