O capitão dos ‘lobos’ contou ainda como tem vivido os dias que se seguiram à participação no Mundial, em França, onde Portugal conquistou a primeira vitória, e falou do novo selecionador, o francês Sébastien Bertrank.
“Não podemos pensar que o trabalho está feito, vamos ser muito realistas. A ambição é constante, chegámos a este patamar, mas vamos querer sempre mais e mais. Construímos uma base muito sólida para o futuro, mas não chega. Há quatro anos, quando se iniciou este ciclo, estávamos em 27.º do ranking [mundial], neste momento estamos em 13.º”, começou por dizer Tomás Appleton, à agência Lusa, junto ao Campo n.º2 do Estádio Universitário de Lisboa, à margem de um evento com famílias, jogadores e patrocinadores organizado pelo CDUL.
E acrescentou: “Não queremos ficar por aqui, nem parar. Tem de ser o nosso mote, o nosso ponto de partida, porque no final queremos competir com as melhores seleções do mundo”.
Sobre o novo selecionador, o francês Sébastien Bertrank, que sucedeu ao compatriota Patrice Lagiquet, o atleta, de 30 anos, vê “algumas vantagens”.
“O facto do Sebástien ser francês pode continuar neste tipo de cultura, estilo de râguebi, estilo de jogo bonito e espetacular que queremos jogar e mostrar ao mundo, que vem muito deste ‘adn’ entre francês e português. Há muito trabalho pela frente, temos a pressão em cima”, comentou.
Voltar à normalidade não tem sido, propriamente, fácil, segundo o capitão dos ‘lobos’, face à mudança de “paradigma” do râguebi em Portugal: “Criámos aqui um ‘boom’ que não estávamos à espera que fosse tão grande, mas que era o que nós queríamos, o que sonhávamos. Queríamos inspirar novas gerações, ver miúdos a começar a jogar e a ver râguebi”.
Depois, detalhou os problemas existentes na modalidade em Portugal, nomeadamente das dificuldades para recrutar talentos no país.
“Obviamente que é necessário [mais apoios]. Há vários problemas associados ao râguebi em Portugal. Existe uma centralização grande, porque 90% do râguebi está focado em Lisboa. Existe muito mais talento por aí fora e neste momento é muito complicado ir recrutar talentos por essas regiões. Outro problema tem sido a falta de profissionalização nos escalões seniores. Há uma grande dificuldade para um miúdo começar a jogar sem perspetivas de isso ser a carreira dele”, analisou.
Por fim, apelou ao investimento no desporto em geral, de forma a preparar da melhor maneira os atletas para a alta competição.
“Portugal precisa de investir mais no deporto, no profissionalismo, na alta competição, dar mais facilidade aos miúdos e jovens para se formaram enquanto atletas de alta competição. Se queremos atingir um alto nível, passa muito por ir para o estrangeiro e, claramente, que é preciso solucionar. Não exclusivamente o râguebi, mas o deporto em si”, concluiu.
Em França, Portugal somou o primeiro triunfo em Mundiais, face às Ilhas Fiji (24-23), depois do primeiro empate, frente à Geórgia (18-18), tendo perdido com País de Gales (8-28) e Austrália (14-34), para terminar no quarto lugar do Grupo C, que qualificou para os ‘quartos’ os galeses e as Fiji.
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