Numa intervenção por videoconferência no parlamento japonês, Zelensky considerou que “nem a ONU nem o Conselho de Segurança têm trabalhado” com eficácia para parar a guerra e disse ser necessário fazer reformas nos órgãos da Organização das Nações Unidas.
“Precisamos de uma ferramenta para garantir a segurança global de forma preemptiva. As organizações internacionais existentes não estão a trabalhar para este fim. Portanto, precisamos de desenvolver uma nova ferramenta preventiva que possa realmente impedir as invasões”, disse, citado pela agência francesa AFP.
Zelensky afirmou que “ninguém se sentirá seguro” até que termine a guerra na Ucrânia e a paz seja restaurada.
“Vamos fazer esforços para que a Rússia queira e procure a paz”, disse Zelensky, pedindo ao Japão que mantenha a pressão sobre Moscovo.
A Rússia é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, juntamente com Estados Unidos, China, França e Reino Unido, pelo que tem poder de vetar qualquer resolução que lhe seja desfavorável, como já aconteceu desde que invadiu a Ucrânia.
Além dos membros permanentes, o Conselho de Segurança tem 10 membros não permanentes, eleitos pela Assembleia-Geral da ONU para mandatos de dois anos.
O antigo primeiro-ministro português António Guterres lidera a ONU desde 2017, tendo sucedido ao sul-coreano Ban Ki-moon como secretário-geral da organização com sede em Nova Iorque.
No discurso perante o parlamento de um país que sofreu um desastre nuclear em 2011, na central de Fukushima, Zelensky disse que a Ucrânia enfrenta o perigo de as suas instalações nucleares serem alvo de ataques.
Referiu em particular a central desativada de Chernobyl, onde ocorreu o acidente nuclear mais grave de sempre, em 1986, e que tem um depósito de detritos nucleares.
“A Rússia transformou este local numa zona de guerra”, disse, avisando que levará anos a avaliar os possíveis efeitos ambientais da ocupação russa de Chernobyl.
Além da central desativada de Chernobyl, a Ucrânia dispõe de 15 reatores nucleares em quatro centrais.
Zelensky também repetiu as alegações dos Estados Unidos de que a Rússia poderá utilizar armas químicas na Ucrânia, mas sem fornecer provas específicas, embora referindo a possibilidade de um ataque com gás sarin, usado por membros da seita Aum no metro de Tóquio, em 20 de março de 1995.
O Presidente da Ucrânia também agradeceu ao Japão por ter sido a “primeira nação da Ásia a exercer pressão” sobre a Rússia, ao impor sanções contra Moscovo.
Na sequência da invasão russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro, o Governo japonês impôs sanções a Moscovo, incluindo ao Presidente russo, Vladimir Putin, que reforçou em 18 de março.
Em reação, a Rússia suspendeu as negociações de um tratado de paz com o Japão, que está pendente desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
“Nas atuais condições, o lado russo não tem intenção de continuar as negociações com o Japão sobre o tratado de paz”, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, num comunicado divulgado na segunda-feira.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, qualificou esta decisão russa de “extremamente irracional e totalmente inaceitável”, numa declaração no parlamento na terça-feira.
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