“Não vou fazer comentários adicionais sobre isso. Apenas dizer que deve ser recordado que Caesar DePaço foi nomeado cônsul de Portugal na Florida pelo próprio Governo de Portugal”, disse André Ventura à agência Lusa, questionado sobre o papel na sua força política do empresário que foi foragido à Justiça portuguesa durante anos.
Em comunicado da direção nacional, os responsáveis do partido da extrema-direita parlamentar apelam ao executivo cabo-verdiano para não se “imiscuir na vida política portuguesa ou de fazer considerações ou catalogações sobre o Chega e o seu papel na democracia portuguesa e no quadro europeu”, argumentando que “em Portugal, são os portugueses que decidem o seu futuro”.
“O Governo de Cabo Verde deveria sobretudo preocupar-se com a razão pela qual tantos jovens cabo-verdianos são obrigados a emigrar para Portugal e outros países da União Europeia, muitas vezes sem quaisquer condições ou perspetivas, porque no seu país não encontraram um Governo capaz de dar soluções”, lê-se ainda.
DePaço, que fez fortuna através da extração e comercialização de uma substância de carcaças de animais, foi um dos protagonistas da segunda de quatro partes do trabalho de investigação sobre o Chega e outras forças nacional-populistas na Europa da autoria do jornalista Pedro Coelho, transmitida pela SIC na segunda-feira.
Caesar DePaço, apontado como financiador do Chega na reportagem da SIC, foi nomeado cônsul honorário de Cabo Verde em Miami, funções que já tinha desempenhado em nome de Portugal.
O demissionário chefe da diplomacia cabo-verdiana justificou o seu pedido de exoneração, aceite pelo primeiro-ministro, com a vontade de “poupar Cabo Verde” ao “desgaste” provocado pela associação de um cônsul honorário à extrema-direita portuguesa.
Luís Filipe Tavares declarou que a escolha de DePaço foi “sempre de boa fé”, baseando a decisão no facto de o mesmo “ter sido cônsul honorário de Portugal por vários anos, de ser uma pessoa bem colocada e considerada na sociedade americana e de pretender investir em Cabo Verde tendo os recursos próprios necessários”.
O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, garantiu hoje que o seu Governo e o partido que o suporta (Movimento para a Democracia, MpD) “não têm alguma relação de afinidade ou simpatia com partidos do tipo do Chega em Portugal, nem partidos de lógica ideológica similar”.
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