"Portugal apoia aquela que já é uma decisão da Assembleia Nacional da Venezuela que é decretar uma amnistia. Entendemos que justamente um dos componentes que pode assegurar uma transição pacífica é nos atendermos também a sorte de todas as partes e encontrar soluções para as diferentes personalidades", explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em declarações hoje à agência Lusa, em Montevideu.
Por "personalidade" entendem-se os membros do regime bolivariano do Presidente Nicolás Maduro. Questionado pela agência Lusa se Portugal poderá receber Maduro num eventual asilo, o ministro disse que o assunto, caso seja exposto, será objeto de análise "com muito cuidado".
"Quanto a Portugal poder ser um país de exílio para Nicolás Maduro, essa questão hoje não se põe: Se se vier a colocar, nós examiná-la-emos com muito cuidado", referiu Santos Silva, que falava à Lusa no âmbito da primeira reunião do Grupo de Contacto Internacional (GCI), em Montevideu (Uruguai).
O objetivo declarado do grupo de Contacto Internacional é ajudar a Venezuela a encontrar uma saída pacífica e democrática para a crise, através de eleições presidenciais. Os países querem contribuir para a criação das condições para esse processo, o que poderia supor criar também uma "via de escape" para Nicolás Maduro, que poderia pedir asilo a algum país.
Nesta primeira reunião ministerial do designado Grupo de Contacto Internacional, a UE está representada pela chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e por oito Estados-membros do bloco comunitário (Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Suécia).
Pelo lado dos latino-americanos, está o anfitrião Uruguai, além de Equador, Costa Rica e Bolívia.
O México seria o quinto país da região. Convocou a reunião, participa do encontro, mas decidiu não integrar o grupo.
A tensão política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino da Venezuela e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Após a sua autoproclamação, Guaidó, de 35 anos, prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e tem vindo a ganhar o reconhecimento de vários países, nomeadamente de Portugal.
Nicolás Maduro, de 56 anos, chefe de Estado desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, no qual a oposição tem maioria, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América.
A crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
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