"Tenho contacto com muitos professores. Tem sido uma experiência fantástica, porque eu não esperava nada encontrar a situação do português na Venezuela como é de facto, e ver que há tantos alunos, tanto interesse pela língua portuguesa e também que tantos professores estão motivados e realmente interessados em divulgar a língua e a cultura portuguesa", disse.
Helena Ramos falava à agência Lusa em Valência (centro da Venezuela), onde participou, no sábado, no IV Encontro de Professores de Português da Venezuela, subordinado ao tema da oralidade na aula e que contou com a presença de mais de 70 docentes da língua portuguesa.
"Estes professores têm dificuldades, de acesso a recursos, a nível de completar a sua formação e até de discutir com outros professores e poder trocar informações, até porque estão distribuídos por muitas zonas da Venezuela, mas de facto há um movimento importante e uma grande dinâmica entre pessoas (...) o português na Venezuela está a desenvolver-se duma forma muito positiva", frisou.
Helena Ramos, ligada ao ensino do português no estrangeiro e autora de vários livros de ensino, deu também um curso de formação a professores de português, em Caracas, explicou desconhecer o que iria encontrar nesta vinda à Venezuela.
"Havia muito poucas informações sobre a Venezuela, mas realmente o que mais me surpreendeu foi de facto todo este movimento que há de pessoas em torno da língua portuguesa", salientou.
Helena Ramos acrescentou que inicialmente pensou ir encontrar somente interesse na língua portuguesa da parte dos lusodescendentes, mas a estada na Venezuela leva-a a identificar essa disponibilidade fora do universo de lusodescendentes.
"Vejo que mesmo muitos venezuelanos hoje em dia estão muito interessados em aprender português. Continua a haver cada vez mais pessoas que querem aprender português e neste momento o problema é realmente a falta de professores, pois os alunos são cada vez mais", acentuou.
"E, surpreendeu-me, porque nós, em Portugal, não temos essa perceção e não esperava de facto encontrar um grupo tão bem organizado, com tanta dinâmica, como encontrámos", adiantou.
Durante o contacto com os diferentes professores percebeu que muitos estão algo isolados. "Faltam livros, materiais, há zonas onde há dificuldade para aceder à Internet e quando eu falo com eles sobre as potencialidades que têm as novas tecnologias e o uso sempre de Internet, dizem-me que em certas zonas é difícil", salientou.
"Uma coisa que falta muitas vezes é informação. Eu desconhecia totalmente a situação que se vivia aqui na Venezuela e para as pessoas que trabalham na área da língua portuguesa era importante saber o que se passa nos países onde há portugueses. Essa informação e um maior contacto com Portugal a vários níveis, mesmo muitas vezes à distância, mas que possa haver, entre professores de cá e portugueses, seria muito bom, seria enriquecedor para todos", concluiu.
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