"As vítimas devem saber que o papa está do seu lado. Aqueles que sofreram são a sua prioridade, e a Igreja quer ouvi-los para erradicar este trágico horror que destrói a vida dos inocentes", declarou a Santa Sé num comunicado.
Um relatório do Grande Júri da Pensilvânia, publicado na terça-feira, 14 de agosto, revelou abusos sexuais praticados por mais de 300 "padres predadores" e o seu encobrimento pela Igreja Católica neste estado, onde pelo menos mil meninos e meninas foram vítimas destes atos desde os anos 50.
Não é a primeira vez que um júri popular publica um relatório a revelar escândalos de pedofilia dentro da Igreja católica americana, mas nunca tantos casos haviam sido revelados.
"Padres violentaram meninos e meninas, e os homens da Igreja que eram os seus responsáveis não fizeram nada. Durante décadas", escreveram os membros do júri no relatório.
O Vaticano reagiu afirmando levar "muito a sério" o relatório e assegurou que "duas palavras podem expressar o que se sente diante destes crimes horríveis: vergonha e dor".
"Os abusos descritos no relatório são criminosos e moralmente reprováveis. Estes atos traíram a confiança e roubaram das vítimas a sua dignidade e a sua fé", diz o comunicado.
A Santa Sé lembra, no entanto, que a maior parte dos casos mencionados é anterior ao começo dos anos 2000, quando a revelação de vários escândalos levou a Igreja americana e realizar "reformas".
Acredita-se que o relatório seja o mais abrangente até hoje publicado no que toca a abusos cometidos dentro da Igreja americana desde o ano de 2002, quando o jornal The Boston Globe expôs pela primeira vez sacerdotes pedófilos em Massachusetts.
A investigação realizada pelo Grande Júri em quase todas as dioceses da Pensilvânia (exceto duas) levou dois anos e resultou em dezenas de testemunhos e 500 mil páginas de registos, contendo "alegações fidedignas contra mais de 300 padres predadores".
Mais de mil menores vítimas destes abusos foram identificados, mas o "número real" estaria na casa "dos milhares", estimou o Grande Júri.
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