“A UE não reconhece a soberania de Israel sobre os territórios ocupados e esta posição, reiterada muitas vezes, aplica-se aos Montes Golã”, declarou a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, durante um debate no Parlamento Europeu em Estrasburgo (França), na última sessão plenária antes das eleições europeias de maio.
Israel conquistou uma grande parte dos Golã sírios na guerra israelo-árabe de 1967, antes de os anexar em 1981, numa decisão nunca reconhecida pela comunidade internacional.
Com importantes recursos de água, os Montes Golã são um território estratégico e de grande importância económica, tanto para Israel como para a Síria.
“Modificar as fronteiras ‘manu militari’ [expressão em latim que significa com força militar] é uma ideia perigosa. As normas internacionais devem ser respeitadas”, insistiu Federica Mogherini.
Em março último, o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu reconhecer “formalmente” a soberania de Israel sobre os Golã.
A decisão de Trump representou uma rutura com a posição assumida pelos Estados Unidos durante várias décadas.
Um grupo composto por mais de 30 antigos ministros dos Negócios Estrangeiros e dirigentes europeus, incluindo o belga Guy Verhofstadt, líder do grupo Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), pediu na segunda-feira a Mogherini, através de uma carta, que reafirmasse a posição da UE para contestar a decisão de Trump.
“A UE considera Israel e os israelitas como amigos e parceiros. Considera a Autoridade Palestiniana e os palestinianos como amigos e parceiros. Considera a administração norte-americana e os norte-americanos como amigos e parceiros. Reafirmar a nossa posição de maneira clara e unida não significa ser hostil para com os nossos interlocutores que, entretanto, mudaram a sua abordagem”, argumentou Federica Mogherini.
A representante reiterou ainda o apoio da UE ao reconhecimento de dois Estados, Israel e Palestina, convivendo lado a lado em paz e dentro de fronteiras reconhecidas e seguras, com Jerusalém como capital.
Federica Mogherini salientou também que abandonar a solução dos dois Estados “só trará o caos ao Médio Oriente”, finalizando que a UE continuará a apelar ao relançamento das negociações de paz.
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