“A UE continuará a ajudar a população Libanesa e continuará a ajudar os refugiados que aqui estão acolhidos através das Nações Unidas. Mas também é claro que não haverá nenhum apoio entregue ao estado Libanês (…) enquanto o país não resolver a questão basilar que é o problema de terem instituições democráticas no seu pleno funcionamento: Ou seja, elegerem um Presidente e a partir daí o Presidente formar o governo”, disse à Lusa a Eurodeputada no fim da visita anual da delegação europeia ao país, que decorreu até quinta-feira.
O Líbano está sem Presidente desde outubro, quando acabou o mandato do ex-Presidente Michel Aoun, devido à falta de consenso político entre os parlamentares para eleger um novo chefe de Estado.
Presidente da Delegação do Parlamento Europeu para as Relações com os Países do Maxerreque, Isabel Santos disse que a eleição de um Presidente tem que acontecer “o mais rápido possível” para que se possa formar um Governo e implementar medidas económicas urgentes para retirar o Líbano de uma das piores crises económicas dos tempos modernos.
A taxa de inflação no país atingiu 269%, uma das mais altas do mundo, e 82% da população vive abaixo do limiar da pobreza.
A recuperação económica está dependente de um empréstimo de 785 milhões de euros, concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sob condição da implementação de várias reformas que não podem avançar devido à crise “multidimensional” que o país enfrenta.
“Enquanto não houver eleição do Presidente, tudo estará bloqueado, é um ciclo vicioso”, disse.
Quanto à possibilidade de sanções, Isabel Santos referiu que “é natural” que ”alguns nomes” figurem na próxima resolução do Parlamento Europeu que será publicada após o próximo plenário agendado para julho.
A eurodeputada disse que o nome do governador do Banco Central Libanês (BDL), Riad Salameh “é um nome muito falado no Parlamento Europeu”.
“É evidente que é um nome que pode surgir na resolução”, disse à Lusa.
Isabel Santos disse estar preocupada com a “deterioração crescente” das instituições e das condições de vida dos libaneses, mas também dos refugiados no país.
Estima-se que o Líbano acolha 1,5 milhões de refugiados sírios e, face ao agudizar da crise económica, o Governo libanês tem pedido à UE um reforço de apoios económicos para o acolhimento dos refugiamos.
No ano passado, autoridades começaram um programa de retorno voluntário para o país vizinho, que tem sido criticado por organizações não-governamentais, que acusam o governo de estar a praticar retornos forçados.
“O relato das pessoas que estão aqui acolhidas é que não têm condições de retorno ao seu país”, disse à Lusa a eurodeputada, após visita a campos de refugiados no Líbano.
“Qualquer retorno à Síria só pode ocorrer [quando] encontradas situações de estabilidade e segurança na Síria e o retorno tem que ser voluntário, digno e com garantias de proteção dos direitos humanos dessas pessoas,(…) o que ainda não é o caso”, disse.
Isabel Santos sublinhou ainda que a UE não irá de deixar de apoiar os refugiados no Líbano através dos programas das Nações Unidas.
A delegação Europeia reuniu ainda com familiares das vítimas da explosão no porto de Beirute em agosto de 2020, cuja investigação continua “bloqueada”.
A eurodeputada reforçou a recomendação do parlamento europeu, a pedido das vítimas, da criação de uma “investigação independente, imparcial e dentro da moldura das Nações Unidas”.
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