“Um mundo de fraturas e linhas vermelhas não é sustentável. Neste contexto, o trabalho da UNESCO é central para unir o Mundo. […] É uma altura em que precisamos que a UNESCO continue a promover a cooperação internacional e a defender o multilateralismo”, afirmou António Guterres, em Paris.
O ex-governante português abriu esta manhã a 40.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) que junta os representantes dos 193 países que compõem esta organização mundial até dia 27 de novembro, em discussões sobre a ciência, educação e cultura, centradas este ano no papel do multilateralismo.
“O multilateralismo já provou ser útil a todos os povos. Mas não é suficiente falar das virtudes do multilateralismo: a palavra significa pouco para as pessoas. Temos de provar os valores da cooperação internacional resolvendo os problemas reais e as ansiedades que as pessoas enfrentam”, disse António Guterres.
O ex-primeiro-ministro português aproveitou este palco mundial para enunciar as cinco “fraturas” que vê no Mundo atual: fratura económica, enfraquecimento do contrato social, aumento do fosso entre os povos, o clima e o progresso da tecnologia.
“Acabámos de viver o mês de outubro mais quente de sempre, com recordes de temperatura batidos por todo o lado este ano, incluindo aqui em Paris. Não é só uma urgência climática que ameaça o nosso futuro: as espécies extinguem-se, os ecossistemas pegam fogo e os dejetos acumulam-se sem fim”, afirmou António Guterres.
Já em relação à educação, o secretário-geral lembrou que os objetivos de 2010 “estão atrasados”, dizendo estar satisfeito com o lançamento do relatório sobre a educação, apoiado por Portugal, que vai ser levado a cabo pela UNESCO até 2021.
Estas foram algumas das preocupações que o secretário-geral transmitiu também num encontro com Emmanuel Macron, na noite de segunda-feira, a que se seguiu um jantar no Palácio do Eliseu, residência oficial do Presidente francês.
O embaixador de Portugal na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa, referiu anteriormente à Agência Lusa que a presença do secretário-geral da ONU na conferência geral da UNESCO “não é muito habitual”, relevando assim a importância desta organização no seio das Nações Unidas.
Comentários