Os deputados europeus querem reduzir o desperdício electrónico e tornar mais fácil a vida dos consumidores. Para isso, exigem regras vinculativas para, finalmente, ser criado um carregador universal para telemóveis e outros aparelhos semelhantes, de computadores portáveis a consolas para jogos. Mas, atenção, esta é uma discussão que começou em 2009.
Ontem, o tema voltou a ser discutido no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na presença do comissário do Mercado Interno, Thierry Breton, já depois das 19:30 locais (menos uma hora em Portugal continental), numa sessão plenária dominada pelos incêndios na Austrália.
A discussão tem mais de dez anos. Há cerca de sete anos, a agência da ONU já pedia que a medida adotada em outubro de 2013, ao ser revisada, mencionasse a recomendação feita em 2011, que propõe economia de energia elétrica e redução do lixo eletrónico.
O que o Parlamento Europeu aprovou então foi a introdução de um modelo universal de carregadores para telefones móveis, que levou a que os fabricantes passassem a ser obrigados a fornecer aparelhos adaptados.
Na altura, a União Internacional de Telecomunicações elogiou a decisão e pediu ao Parlamento Europeu que fosse mais longe. A recomendação da UIT demonstrava que os fabricantes poderiam reduzir os custos de produção por unidade e também as matérias-primas utilizadas para construir os aparelhos.
Além disso, segundo a agência da ONU, isso levaria ainda a uma poupança de energia eléctrica, com os telemóveis a durar, em média, mais dez anos, além de poluírem menos o meio ambiente pela facilidade na reciclagem.
A primeira decisão do Parlamento Europeu de adoptar o carregador universal foi tomada com base num memorando de entendimento assinado entre a União Europeia e 14 grandes fabricantes de telefones móveis em 2009. Passaram mais de dez anos. E já na época as sondagens indicavam que quase 70% dos utilizados tinham um carregador.
Os debates e normas adoptadas foram-se multiplicando e em 2014, quando foi publicada a Directiva Equipamentos de Rádio, os legisladores europeus foram chamados a desenvolver mecanismos legais que levassem, uma vez mais, à criação do carregador. Mas a estratégia da Comissão Europeia de encorajamento da indústria foi um acto falhado ou, no mínimo, ficou muito aquém do desejado, e mesmo os acordos voluntários entre as diversas marcas não surtiram o efeito pretendido.
Para ser verdadeiramente universal, insistem os eurodeputados, o carregador tem de servir em todos os telefones móveis, tablets, leitores e-book e tantos outros gadgets hoje utilizados todos os dias.
Acredita-se que uma larga maioria dos lares na União Europeia acumulou carregadores antigos uns atrás dos outros, o que, de acordo com estimativas, gera mais de 51 mil toneladas de desperdício electrónico por ano.
Desde dezembro de 2018 e ao longo do último ano a Comissão Europeia foi recebendo de diferentes instituições internacionais feedback sobre possíveis impactos e implicações desta medida aos mais diversos níveis - dos custos à poupança de energia e redução de lixo tecnológico - e até recentemente ainda acreditava ser possível adoptar medidas no último trimestre de 2019. Não foi. Só que agora os deputados europeus voltam à carga e prometem não desistir. Será que é este ano que chega o carregador universal?
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