Na tradicional ‘arruada’ no Chiado, o secretário-geral do PS pediu “mobilização total” até domingo e deixou críticas ao seu adversário direto, Rui Rio.
“Vejo o meu adversário muito empolgado e a decretar por antecipação os resultados, a distribuir as pastas entre ele e os outros partidos, a escolher ministros. Cada coisa a seu tempo. Neste momento é o tempo de os portugueses falarem, de os portugueses escolherem, de os portugueses decidirem”, afirmou António Costa.
Questionado se, a partir de segunda-feira, vai “começar a trabalhar logo numa solução” governativa, António Costa respondeu: “No domingo à noite vamos ver quais são os resultados. Em função dos resultados, o senhor Presidente da República designará a quem cabe a iniciativa de formação do Governo e, em função disso, iremos trabalhar”.
O presidente do PSD defendeu, por seu lado, que o Presidente da República deverá chamar para formar Governo o líder do partido mais votado nas eleições legislativas de domingo, mesmo com uma maioria contrária, e saudou a posição do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santo Silva, que considerou que poderá ser necessário um "acordo de cavalheiros" entre PS e PSD para viabilizar soluções minoritárias de governo.
"É uma declaração civilizada e que ajuda francamente à governabilidade (…) Essa [declaração] eu tenho como positiva, vem no sentido daquilo que eu próprio tenho vindo a dizer. Se a questão do PS é o Chega estar fora da equação, isso estou a dizer desde sempre que está. Não é fora do parlamento, isso são os portugueses que determinam", sublinhou.
Ao final da tarde, Rio encerrou a campanha no Chiado - teve ao seu os antigos líderes do PSD Manuela Ferreira Leite e Pedro Santana Lopes, que já nem é militante -, e acusou o PS de ter aberto a porta aos extremos com a 'geringonça' e não ter problemas em votar com o Chega, prometendo governar com os valores da social-democracia, ao centro.
Também o Chega desceu o Chiado, numa ‘arruada’ que juntou algumas centenas de pessoas e em que o líder do partido de extrema-direira voltou a dizer que acredita no terceiro lugar nas eleições de domingo.
“É aí [terceiro lugar] que ficaremos”, asseverou André Ventura.
No mesmo local, um pouco mais cedo, a líder do PAN, Inês de Sousa Real, avistou a caravana do PS e cruzou-se com a do PSD, e admitiu um novo reencontro após as eleições legislativas de domingo.
“Trocámos alguns panfletos, quer com o PS, quer também com o PSD”, pelo que “ficamos com as ideias uns dos outros e vamos antecipando, se calhar, o debate que vai ocorrer depois do dia 30 de janeiro”, afirmou.
Também numa ‘arruada’, mas no Porto, a coordenadora bloquista, Catarina Martins, acusou o PS de ter “alimentado a ambiguidade nestas eleições”, assegurando que o voto no BE “vai impedir acordos de centrão”, dar uma maioria à esquerda e afastar a direita.
“O PS tem alimentado a ambiguidade nestas eleições e mesmo agora nos últimos dias diz que está a equacionar um acordo de cavalheiros com o PSD. Quem quer uma maioria à esquerda, quem quer uma maioria pelo salário, pela pensão, sabe que o voto é o voto no BE”, apelou.
Também na CDU as palavras de Santos Silva mereceram críticas por parte de Jerónimo de Sousa: “Acordo de cavalheiros… Vejam lá onde é que isto vai”, afirmou Jerónimo de Sousa.
“Dizer que se vai falar com todos é esconder uma decisão já tomada. Quem quer uma política de esquerda não a pode negociar com todos e muito menos com a direita ou a extrema-direita”, criticou o líder comunista, na Maia (Porto).
O presidente da Iniciativa Liberal referiu-se igualmente aos “acordos de cavalheiros”, assegurando que não os fará com o PS e defendendo que seria uma “chapada de luva branca” se os portugueses colocassem o partido como terceira força política.
“O voto que nos confiarem não viabilizará uma solução socialista e a abertura do PSD é mais um exemplo do que temos vindo a dizer, que o PSD sem nós fica demasiado parecido com o PS”, sublinhou João Cotrim de Figueiredo.
O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, negou que o partido esteja dividido, ao ser questionado sobre a ausência de figuras do partido ao seu lado, e desvalorizou as sondagens que colocam em risco a eleição de deputados do partido no domingo.
“Eu acho que é para os apanhados, aquelas partidas de Carnaval antecipadas”, criticou, no final de uma visita ao Mercado de Alvalade, em Lisboa.
O dirigente do Livre Rui Tavares encerrou a campanha em Lisboa dizendo que “chega de uma direita a propor austeridade”, mas também de uma “esquerda que só reage em vez de propor modelos de futuro”, afirmando que o seu partido pode fazer a diferença.
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