“Queremos criar uma aplicação intuitiva e fácil de usar até determinado escalão etário”, disse o presidente dos SMTUC, Jorge Jesus, que falava à agência Lusa no final de uma viagem a bordo de um dos 10 novos autocarros elétricos que recentemente reforçaram a frota dos Transportes Urbanos de Coimbra.
Segundo Jorge Jesus, a aplicação criada no passado, intitulada “Coimbra Move-me”, dava “muita informação, mas não era ‘user friendly’ [amiga do utilizador] e não era intuitiva”.
A aplicação "Coimbra Move-me" conta com uma média de duas estrelas em cinco possíveis e várias críticas de utilizadores nas plataformas App Store e Google Play.
Para o presidente do conselho de administração, que assumiu recentemente o cargo, os SMTUC podem melhorar a forma como comunicam com os utentes, referindo que esse trabalho “está em curso”.
Numa primeira fase, a nova aplicação a ser desenvolvida irá assegurar informação sobre a utilização dos autocarros na cidade (horários e percursos), mas, no futuro, Jorge Jesus admitiu a necessidade de se avançar para a possibilidade de pagamento de viagens através de meio digital.
“Essa segunda vertente é mais complexa, porque mexe com um conjunto de tecnologias que não têm que ver só com a aplicação. Num primeiro momento, teremos essa componente de informação e, num segundo momento, essa outra componente, que é mais complexa”, aclarou.
Jorge Jesus vincou a necessidade de “facilitar o acesso à compra de bilhetes”, realçando que a instalação recente de máquinas de venda automática de bilhetes também procura colmatar esse problema.
Questionado sobre o estado atual da frota dos SMTUC, o responsável realçou que, de momento, não há supressão de chapas (viagens) por falta de viaturas, tendo sido possível reduzir a taxa de imobilização e apostar na manutenção preventiva.
“Para além de conseguirmos dar resposta às chapas diariamente, já conseguimos ter um lote de autocarros de reserva para situações que ocorram durante o dia, o que não acontecia há uns meses”, sublinhou.
No entanto, Jorge Jesus admitiu que a falta de motoristas leva a algumas supressões pontuais de serviço.
“Estamos com concursos permanentemente abertos face às dificuldades em contratar, mas não temos uma fórmula mágica para atrair motoristas”, notou, reafirmando a necessidade de se criar uma carreira própria de motorista para poder atrair este tipo de profissionais, que estão em falta em todo o país.
Questionado pela Lusa sobre a perspetiva de recuperação do número de passageiros face aos valores pré-pandemia, o presidente dos SMTUC esclareceu que em 2023 se registaram 11 milhões de passageiros (menos dois milhões do que em 2019), esperando que seja possível recuperar “a curto prazo”.
Também presente, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, salientou que o município continua a trabalhar para comprar mais autocarros e cumprir o plano de renovação da frota apresentado em 2023, sublinhando que “já não há chapas por levantar por falta de autocarros”.
Também o autarca chamou a atenção para a dificuldade de atrair profissionais do setor, esperando que, com o próximo Governo, seja possível resolver a situação, “para que os motoristas se sintam dignificados e respeitados”.
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