“Bastante ridículo”, afirmou Tal Heinrich, porta-voz do gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, numa conferência de imprensa em Jerusalém.
O relatório, acrescentou, mostra factos conhecidos pelo Governo israelita, como o de “os palestinianos estarem a armar” adolescentes para enfrentar o exército israelita.
A porta-voz criticou o documento por não ter em conta as ameaças enfrentadas pelas forças israelitas em zonas da Cisjordânia ocupada, como a Judeia e a Samaria, onde atuam para “manter essa frente o mais tranquila possível”.
Heinrich acrescentou que o grupo islamita Hamas e a Jihad Islâmica têm bases na zona, responsabilizando os dois movimentos pela perturbação da vida quotidiana dos palestinianos atribuída aos postos de controlo do exército israelita.
Sobre os ataques de colonos israelitas contra cidadãos palestinianos, Heinrich afirmou que revelam “um declínio significativo de um fenómeno quase marginal”.
Netanyahu tem defendido que ninguém pode fazer justiça pelas próprias mãos e que aqueles que violarem a lei serão julgados independentemente das suas crenças religiosas ou políticas.
Num relatório divulgado na cidade suíça de Genebra, o Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas apelou hoje a Israel para pôr “fim às mortes ilegais” de palestinianos na Cisjordânia ocupada, onde militares e colonos mataram 300 pessoas desde o início da guerra com o Hamas, a 07 de outubro.
No documento, a ONU pediu o fim da “utilização de armas militares em operações de aplicação da lei na Cisjordânia” e apelou também para que Israel ponha fim “às detenções arbitrárias e aos maus-tratos infligidos aos palestinianos, e que levante as restrições discriminatórias à circulação”.
Todas estas práticas “são extremamente preocupantes”, afirmou num comunicado o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP).
Israel declarou guerra ao Hamas depois de o grupo islamita palestiniano ter lançado um ataque sem precedentes em solo israelita, a 07 de outubro, a partir da Faixa de Gaza.
O ataque causou cerca de 1.200 mortos e os comandos do Hamas fizeram ainda 240 reféns que levaram para a Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel tem atacado Gaza por ar, terra e mar, numa operação para aniquilar o Hamas que causou até agora mais de 21.000 mortos, segundo o grupo islamita.
O conflito estendeu-se também ao sul do Líbano, com trocas de tiros entre israelitas e militantes do partido libanês Hezbollah, controlado pelo Irão, e à Cisjordânia ocupada por Israel.
Segundo a ONU, citada pela agência espanhola EFE, das 300 vítimas mortais na Cisjordânia registadas entre 07 de outubro e 27 de dezembro, 291 foram mortas pelas forças de segurança israelitas e as restantes por colonos.
Os colonos atuam por vezes na companhia das forças de segurança israelitas, ou usam eles próprios alegados uniformes de segurança israelitas, disse a ONU no relatório.
Segundo a ONU, as forças israelitas detiveram mais de 4.700 palestinianos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, incluindo 40 jornalistas, e em muitas ocasiões submeteram-nos a maus-tratos.
“Os abusos documentados no relatório repetem os padrões e a natureza dos abusos cometidos no passado no contexto da longa ocupação israelita da Cisjordânia, mas a intensidade da atual violência e repressão não se via há anos”, comentou Turk.
O alto-comissário apelou ainda a Israel para que “tome medidas imediatas, claras e eficazes” para pôr termo à violência dos colonos israelitas contra os palestinianos, pediu que os incidentes cometidos por colonos e pelas forças israelitas sejam investigados e que Israel “garanta a proteção das comunidades palestinianas contra qualquer forma de deslocação forçada”.
Turk também pediu a Israel que permita o acesso da ONU ao país, afirmando que está pronto para produzir relatórios semelhantes sobre os ataques terroristas do Hamas contra civis israelitas em 07 de outubro, que desencadearam o atual conflito.
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