A decisão foi tomada durante uma reunião entre o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio Almeida, e o presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos, que decorreu na manhã de hoje sede da ANTRAL, em Lisboa.
Em conferência de imprensa, após a reunião, Florêncio de Almeida, disse que as associações vão pedir, com caráter de urgência, “se possível para amanhã [sexta-feira]”, uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que possa “pessoalmente” explicar as razões da promulgação deste diploma.
“Sentimo-nos muito desiludidos e surpreendidos com a atitude do senhor Presidente da República em ter promulgado este decreto-lei e não o ter enviado para o Tribunal Constitucional (…), porque este diploma não veio alterar absolutamente nada as preocupações que o senhor Presidente da República teve ao não promulgar o primeiro projeto-lei”, sublinhou Florêncio de Almeida.
As associações de taxistas exigem que o Presidente da República suscite a fiscalização preventiva do diploma. Caso haja alguma resposta positiva da parte de Marcelo Rebelo de Sousa, a manifestação, de âmbito nacional, será, "em princípio", desconvocada.
“As associações [de taxistas] têm de dar uma resposta ao setor. O setor não esperava que isto viesse a acontecer em Portugal, mas tendo acontecido, nós temos de dar uma resposta pública, enérgica e com força para que isto possa ainda ter algum retrocesso”, vincou Florêncio de Almeida.
A manifestação de 11 de setembro terminará na Assembleia da República, ficando por anunciar o local de início da concentração, que será revelado mais tarde.
“O nosso destino será a Assembleia da República e o nosso foco é os partidos com assento parlamentar, que suspendam a lei e, em simultâneo, pedir aos partidos também que, porventura, o senhor Presidente da República nada fizer sobre esse tema que os partidos suscitem a fiscalização sucessiva em termos constitucionais”, declarou Carlos Ramos, da FPT.
Este dirigente associativo acrescentou que esta “jornada de luta é justa” e que até 11 de setembro irão decorrer reuniões distritais, em Lisboa, Porto, Faro e Braga, entre as duas associações, para sensibilizar os associados para esta mobilização.
Até setembro, as duas associações vão promover estas reuniões para “mobilizar os industriais de táxis e seus motoristas” com o objetivo de que a manifestação de 11 de setembro seja “uma grande concentração de âmbito nacional, por tempo indeterminado", se até lá os taxistas não obtiverem respostas positivas às suas reivindicações.
“Com a nossa luta, com a nossa posição, não só estamos a defender o nosso interesse, mas também estamos a defender os interesses das populações, o interesse da cidade, em termos de ambiente, e estamos também a defender aqueles que têm trabalho precário nas plataformas. A nossa luta é justa e a opinião pública vai perceber que nós temos razão”, salientou Carlos Ramos.
Os taxistas vão ainda recorrer ao Provedor da Justiça para analisar se o diploma é Constitucional.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou na terça-feira o diploma que vai regular as plataformas eletrónicas de transporte como a Uber e a Cabify, após as alterações feitas pelo parlamento.
“Atendendo às alterações introduzidas pela Assembleia da República, tomando em atenção nalguma medida, embora limitada, os reparos feitos em 29/4/2018, o Presidente da República promulgou o Decreto da Assembleia da República nº 226/XIII, relativo ao regime jurídico da atividade de transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica”, lê-se na nota publicada na página da internet da Presidência da República.
O parlamento aprovou, a 12 de julho, uma segunda versão da lei - após o veto presidencial - para as plataformas eletrónicas de transporte, com os votos a favor do PS, PSD e PAN, e com os votos contra do BE, PCP e Os Verdes. O CDS-PP foi a única bancada parlamentar a abster-se na votação do diploma.
[Notícia atualizada às 15:19]
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