A dirigente do BE já tinha falado de manhã sobre o caso de Tancos, mas na altura das declarações a acusação do Ministério Público ainda não tinha sido conhecida oficialmente.
"Parece-nos muito grave chegar à conclusão, se o Ministério Público tiver razão - o processo, a justiça o fará - que responsáveis políticos mentiram numa comissão de inquérito", defendeu Catarina Martins, no final de uma ação de campanha no centro de saúde da Moita, distrito de Setúbal.
Depois de conhecer os termos da acusação, a líder bloquista destacou que "há factos que são agora tornados a público nesta acusação do Ministério Público que foram negados na comissão de inquérito", o que "é muito grave".
"Queremos que a justiça faça o seu caminho, na democracia ninguém está acima da lei e será grave também se tiver sido negada à comissão de inquérito a verdade sobre os factos porque, como sabem, isso é também crime", insistiu.
Há, sublinhou Catarina Martins, "uma obrigação de responder às comissões de inquérito", uma vez que estas não são "uma conversa de café, têm um regime específico".
Sobre as críticas que a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, fez a BE e PCP por terem ajudado a aprovar o relatório da comissão de inquérito, a coordenadora bloquista começou por lembrar que as conclusões foram "de acordo com os factos apurados nas comissões de inquérito".
"Não fazemos apurações que são insinuações. E é por isso também que hoje vemos na acusação do Ministério Público a gravidade de percebermos que houve aparentemente, alegadamente, declarações que não corresponderam à verdade na comissão de inquérito", afirmou.
Na perspetiva de Catarina Martins, "quem ler a acusação do Ministério Público, compreende que as conclusões que o BE votou na comissão de inquérito eram as justas, face aos factos que eram conhecidos".
"O que eu espero é que nós tenhamos também oportunidade para discutir projetos para o país", disse, quando questionada sobre se achava possível que esta questão de Tancos se mantivesse fora da campanha, tal como tem vindo a defender.
No entanto, para a coordenadora do BE não há dúvidas que "numas eleições que são para a Assembleia da República, saber se a Assembleia da República é respeitada ou não, saber se o que é dito numa comissão de inquérito por um responsável político é certo ou não, saber se há abuso ou não, é sempre relevante".
"Mas o que eu também espero é que estas eleições não sejam só sobre um caso e sejam sobre todo o programa para o país", pediu.
O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes foi hoje acusado pelo Ministério Público de abuso de poder, denegação de justiça e prevaricação no caso de Tancos e proibido do exercício de funções.
O Ministério Público acusou no total 23 arguidos no caso do furto e da recuperação das armas do paiol da base militar de Tancos.
Os arguidos foram acusados de crimes como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
(Notícia atualizada às 19h15)
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