Segundo a agência de notícias francesa, o decreto que impõe aquela proibição, emitido pelo líder supremo talibã, Mullah Haibutullah Akhundzada, entra hoje em vigor.
“Todos os afegãos ficam informados de que, a partir de agora, o cultivo da papoila é estritamente proibido em todo o país. Se alguém violar este decreto, a colheita será destruída imediatamente e o infrator será tratado de acordo com a lei da Sharia”, anunciou o porta-voz adjunto do governo Talibã, Bilal Karimi, numa declaração aos meios de comunicação social.
O documento também proíbe o tráfico de todos os tipos de narcóticos, tais como álcool, heroína e haxixe, assim como a existência de fábricas de produção de drogas.
“O uso, transporte, comércio, exportação e importação de todos os tipos de narcóticos, tais como álcool, heroína, haxixe, etc., incluindo fábricas de fabrico de drogas no Afeganistão, são estritamente proibidos”, declararam os Talibã.
A AFP adianta que os agricultores afegãos foram informados pelo governo talibã da nova medida antes de esta ser tornada pública.
A grave crise humanitária e económica do Afeganistão, agravada pela ascensão ao poder dos Talibãs, e associada a décadas de conflito armado e seca severa, empurrou milhares de afegãos desempregados para a toxicodependência.
A falta de apoio internacional e a retirada de muitas das associações humanitárias do Afeganistão levou ao encerramento da maioria dos centros de reabilitação de drogas, tornando ainda mais difícil para a erradicação do consumo de drogas.
Esta não é a primeira vez que os Talibãs anunciam a proibição do cultivo da papoila, segundo lembra a AFP, depois de em 2000 o cultivo daquela flor ter sido proibido, poucos meses antes de o regime fundamentalista ter sido derrubado pela coligação internacional liderada pelos EUA em resposta aos ataques de 11 de setembro.
Durante os vinte anos de guerrilha contra forças estrangeiras, os Talibãs tributaram fortemente os produtores de papoilas nas áreas sob o seu controlo, pelo que o cultivo da papoila foi uma importante fonte de rendimento para os extremistas.
Nos anos em que o Afeganistão esteve sob domínio internacional, o cultivo da papoila foi desencorajado e os agricultores foram incentivados a cultivarem trigo ou açafrão.
A iniciativa de combate ao cultivo de opiáceos falhou, uma vez que as principais áreas de cultivo era controladas pelos Talibã, que negaram agora ter promovido o cultivo da papoila durante os 20 anos de guerrilha.
Entre 80% e 90% da heroína e do ópio do mundo vêm do Afeganistão, de acordo com a ONU, sendo que, em 2017, a área dedicada a esta cultura atingiu um nível recorde com 250.000 hectares, cerca de quatro vezes mais do que em meados da década de 1990.
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