Helena Jorge, do Sindicato dos Enfermeiros, adiantou hoje à agência Lusa que a situação nas Urgências da unidade hospitalar, onde têm estado nos últimos dias mais de 50 doentes, com queixas de esgotamento por parte das equipas de enfermeiros, é semelhante à que se vive noutros pontos do país e à que todos os anos se regista nesta altura do ano.
“O problema não é novo. Os governos e os sucessivos ministros da Saúde têm ignorado a situação e os alertas que vêm da década de 1990 sobre os impactos do envelhecimento da população”, afirmou, salientando que tarda a aplicação de soluções há muito apontadas, como a existência de uma verdadeira rede de cuidados continuados.
“Termos 56 doentes nas Urgências não é novo. Já chegámos a ter 70. Estamos a sacrificar os profissionais e os doentes porque os sucessivos ministros ignoraram que é preciso respostas paralelas. Mesmo que tivéssemos mais enfermeiros, o espaço não estica e muitos destes doentes são idosos com pneumonias, que podiam estar a ser seguidos em casa por equipas de cuidados domiciliários”, afirmou.
Afirmando-se "indignada" com a “desonestidade intelectual” de políticos que no passado tiveram responsabilidades pelo estado a que chegou a Saúde e com as “Finanças que dão cabo” do setor, nomeadamente ao impedir a contratação de profissionais, Helena Jorge lamentou que, perante todos os estudos existentes, "ninguém faça planeamento".
“Os ministros estão-se borrifando. Todos os anos, quando chega o frio é a mesma coisa. Ficam à espera que o tempo aqueça e que tudo passe”, disse, sublinhando que já era sabido em dezembro que seria necessário contratar mais enfermeiros.
Tal como tem acontecido noutros pontos do país, enfermeiros do serviço de Urgência do Hospital de Santarém têm feito denúncias anónimas sobre o estado de esgotamento a que chegaram as equipas.
Helena Jorge lamentou, ainda, que em alguns locais se tenham exposto doentes, muitos deles "pessoas provenientes de lares, mal cuidadas", e que não viram a sua dignidade preservada.
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