Em entrevista à agência Lusa, Vanda Pires, da Divisão de Clima e Alterações Climáticas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), adiantou que em março (até dia 28) verificou-se um aumento da área em seca severa, situando-se nos 37,5%, quando em fevereiro era 4,8%.
“Em fevereiro não existia seca extrema, mas em março, apesar de baixo, registou-se um valor de 0,5%. Já começa a aparecer seca extrema no Algarve, entre Faro e Vila Real de Santo António”, disse.
De acordo com índice meteorológico de seca (PDSI) do IPMA, em março 45,1% do território estava em seca moderada e 16,8% na classe de seca fraca.
O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.
Vanda Pires adiantou também que o mês de março, segundo o resumo do Boletim Climatológico feito pelo IPMA, classificou-se como quente em relação à temperatura do ar e muito seco quanto à precipitação.
Até dia 28 de março, a média da temperatura máxima do ar foi de 19,24 graus celsius, o terceiro mais alto desde 2000.
No que diz respeito à precipitação, o IPMA adianta que março de 2019 foi o 7.º mais seco desde 2000.
Vanda Pires destacou à Lusa que o mês de abril deverá continuar com tempo seco.
“Está prevista chuva, mas nada de significativo que ajude a colmatar a seca. Para o mês de abril, os modelos apresentam valores abaixo do normal sobretudo nas primeiras semanas, o que não é nada favorável para a situação de seca”, contou.
Vanda Pires explicou que o mês de abril poderia ser decisivo para baixar os níveis de seca, mas se houvesse precipitação intensa e prolongada.
“Abril é normalmente um mês que traz precipitação. Se isso não se verificar, a tendência é para agravar, uma vez que os meses de maio e junho são meses de pouca precipitação e a ocorrer já não será suficiente para colmatar a situação de seca”, disse.
A especialista do IPMA lembrou que em 2018 o território estava em seca, tendo-se registado uma situação severa em fevereiro, mas como choveu muito em março a seca terminou.
Assim, de acordo com Vanda Pires, para a primeira semana de abril estão previstos valores de precipitação abaixo do normal para as regiões Norte e Centro (na semana entre 1 e 7 de abril).
“Preveem-se valores acima do normal para as regiões do Centro e Sul na semana de 08 a 14 de abril. De notar que para a segunda semana de abril a incerteza ainda é bastante grande”, disse.
No que diz respeito à temperatura, Vanda Pires adiantou que estão previstos valores abaixo do normal para todo o território na semana de 8 a 14 de abril.
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