Esta assembleia de bispos, convocada pelo Papa Francisco, vai refletir sobre o tema “Amazónia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral", procurando responder às "injustiças" nesta região, que se estende por nove países da América do Sul, mas que é considerada vital para o resto do planeta, de acordo com o documento preparatório do sínodo.
O Sínodo dos Bispos é uma reunião de todo o episcopado católico em torno de um tema urgente para a Igreja, e que, entre outros objetivos, visa promover o diálogo da instituição cristã com o povo do mundo inteiro, através de seus bispos.
Este sínodo vai reunir representantes católicos do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname.
No documento preparatório do sínodo, divulgado em fevereiro, o Vaticano explicava que a Igreja é chamada "a responder a situações de injustiça na região, como o neocolonialismo das indústrias extrativas, projetos de infraestrutura com danos para a biodiversidade, e a imposição de modelos culturais e económicos aos povos locais".
A situação dos "povos indígenas, costeiros e afrodescendentes" é um dos temas a abordar assim como a falta de religiosos nessas áreas.
O documento de trabalho para o Sínodo Especial dos Bispos de 2019 foi divulgado em junho e aborda o tema dos “novos ministérios” para responder às necessidades dos povos amazónicos, admitindo a ordenação sacerdotal de homens casados.
Afirmando que o celibato é um dom da Igreja, no documento é, no entanto, solicitado que, em áreas mais remotas, seja estudada a possibilidade de ordenação sacerdotal de idosos, preferencialmente indígenas, respeitados e aceites pela sua comunidade, mesmo que tenham uma família constituída e estável.
O objetivo desta proposta em debate é assegurar os sacramentos que acompanham e sustentam a vida cristã.
Em março 2017, o Papa Francisco já tinha anunciado publicamente "considerar" a possibilidade de ordenar homens casados envolvidos na Igreja, excluindo esta abertura para homens jovens e mulheres.
Em janeiro, o Papa rejeitou qualquer questionamento geral do celibato clerical em vigor no catolicismo romano, chamado "dom para a Igreja", considerando que não deve ser opcional.
"Pessoalmente acho que o celibato é um dom para a Igreja. Em segundo lugar, não concordo em permitir que o celibato seja opcional", declarou.
O Papa propôs essa possibilidade para zonas remotas, como as ilhas do Pacífico ou da Amazónia, onde existe "uma necessidade pastoral."
O documento para debate no encontro dos bispos também defende um maior papel para as mulheres na Amazónia.
"É solicitado o reforço do papel dos leigos, e especialmente das mulheres, cuja presença nem sempre é levada em conta de forma adequada", segundo o documento que sugere mais envolvimento das mulheres na área da formação, especialmente em teologia, catecismo, liturgia e escola de fé.
"Solicita-se que as vozes das mulheres sejam ouvidas, que sejam consultadas e participem na tomada de decisões para que assim possam contribuir com a sua sensibilidade à sinodalidade eclesial", lê-se no documento.
A Santa Sé garantiu que seriam convidados “homens e mulheres pertencentes aos povos amazónicos”, para que possam “transmitir os seus desejos e anseios mais profundos”.
Recentemente a associação internacional de mulheres católicas Vozes de Fé criticou o facto de as religiosas não terem direito ao voto nos sínodos dos bispos.
O movimento Vozes de Fé denunciou que, nos dois últimos sínodos, o direito ao voto foi estendido, além dos bispos, aos religiosos, mas não às religiosas", que superam em número os irmãos em todo o mundo e cujas madres superiores têm o mesmo estatuto canónico dos superiores masculinos ".
Neste sínodo dos bispos uma das novidades será a presença de quatro mulheres como consultoras na Secretaria-Geral: a espanhola María Luisa Berzosa González, diretora da federação Fé e Alegria, Nathalie Bacquart, ex-diretora do Serviço Nacional de Evangelização de jovens e vocações da Conferência Episcopal Francesa, Alessandra Smerilli, professora de Economia da Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação e Cecilia Costa, professora de Sociologia da Universidade Roma.
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