Os centristas acusaram, na quinta-feira, a CML de "limitada ambição e visão para resolver o problema da seca", após o executivo de Fernando Medina (PS) ter anunciado, na quarta-feira, que iria desligar provisoriamente as fontes ornamentais da cidade que usem água da rede e reduzir a rega nos espaços verdes, como medidas de combate aos efeitos da seca.
O CDS-PP criticou a autarquia pelo "desperdício de água" e revelou que vai apresentar uma moção com medidas alternativas.
Em comunicado, o vereador do CDS-PP, Miguel Moreira da Silva, realçou ainda "a incompetência do executivo em matéria de políticas municipais para o consumo racional de água".
Esta posição surge também na sequência dos dados revelados pela International Water Association (IWA), segundo os quais, indicam, "Lisboa apresenta um consumo médio diário de 173 litros ‘per capita’, muito acima de outras grandes cidades internacionais como Barcelona e Madrid, que registam um consumo diário de 105 e 124 litros ‘per capita’, respetivamente".
“A CML lamenta que, nem no momento em que o país enfrenta uma seca extrema, o CDS consiga ter uma atitude construtiva e aproveite as medidas anunciadas para fazer ruído e lançar a confusão com números manipulados A vontade de protagonismo do CDS é tanta que, a propósito das medidas anunciadas para a redução temporária dos consumos da responsabilidade da CML, responde com dados sobre o consumo total de água na cidade (que, como devia saber, não é da responsabilidade da autarquia)”, frisa o município, em comunicado.
A autarquia de Lisboa sustenta que, “mesmo partindo de um pressuposto errado, o CDS podia, ao menos, ter usado os números certos”, e contrapõe.
“O que os números oficiais demonstram, sejam os da EPAL [Empresa Portuguesa das Águas Livres] ou os da ERSAR [Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos], é que teve lugar uma redução substancial do consumo na cidade de Lisboa entre 2008 e 2014, passando de 63,5 para 55,4 milhões de m3 [metros cúbicos] - uma redução de quase 13% http://lisboaenova.org/matrizagualisboa2014)”, explica a CML.
O CDS-PP acusou também o Partido Socialista de ser “diretamente responsável” pela deficiência hídrica na capital, sublinhando “que o consumo de água em Lisboa aumentou 9% desde 2008, enquanto o consumo médio nacional diminuiu 66% no mesmo período".
A CML discorda e diz que “não foi só a propósito de Lisboa que o CDS manipulou” os números.
“Onde refere uma ‘diminuição no consumo médio do país de 66%’, os relatórios anuais da ERSAR permitem aferir que houve, ao contrário, um aumento de 15%, passando de 517.000 milhões de m3 para 593.000 milhões m3 entre 2008 e 2014”, contrapõe a autarquia de Lisboa.
A CML refere que o CDS-PP desconhece o trabalho feito pela autarquia ao longo da última década “ao confundir critérios de consumo doméstico e não-doméstico” e “apresentar números manipulados à medida das conveniências do momento”, e apresenta resultados.
“Entre 2014-16, com medidas, como a mudança de jardins de regadio para sequeiro, a introdução de sistemas inteligentes de rega ou a utilização de água não potável para a limpeza das ruas, a CML diminui os seus consumos de água em 750.000 m3 – uma poupança de 10%”, indica o município.
Mesmo com o aumento de 200 hectares de espaços verdes, a autarquia consome hoje, segundo o comunicado da CML, “menos 17% de água do que há 10 anos”.
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