Edmundo Martinho, que esteve hoje a ser ouvido pelos deputados da Comissão de Trabalho e Segurança Social sobre a eventual entrada da SCML no capital da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), defendeu que, "a prazo, os grandes blocos de economia social devem convergir e trabalhar em conjunto" e defendeu que caso a Santa Casa venha a entrar no capital do Montepio irá trabalhar "para o reforço dessa possibilidade".
"A Santa Casa pode ser o motor desta convergência, que se crie uma grande entidade bancária detida por entidades de economia social", afirmou.
Em Portugal, as instituições financeiras mais dedicadas ao setor da economia social são a CEMG e o Crédito Agrícola.
Edmundo Martinho falou da vontade de ajudar à criação de uma grande entidade bancária da economia social depois de deputados terem questionado porque a SCML não equaciona uma parceria com o grupo Crédito Agrícola.
O provedor explicou que o Crédito Agrícola é distinto de outras entidades bancárias pela sua forma de organização, em que cada uma das cerca de 80 Caixa de Crédito Agrícola é autónoma, servindo a Caixa Central para orientar e supervisionar a ação de cada uma, pelo que "não há possibilidade de parceria com a Caixa Central".
Apesar de ter manifestado a vontade de a SCML contribuir para criar um grande banco da economia social, Edmundo Martinho disse hoje que ainda decorre o processo de avaliação do Montepio para saber se a Santa Casa investirá, ou não, afirmando esperar que decisão seja tomada nas próximas semanas.
A imprensa tem adiantado que a SCML poderá entrar com 200 milhões de euros em troca de uma participação de 10% na CEMG, o que valoriza o banco em cerca de 2.000 milhões de euros.
Edmundo Martinho disse hoje que este valor não está definido e que o que há é a definição de um limite máximo de participação da SCML no setor financeiro, que advém de um parecer interno feito quando houve um estudo para eventual investimento no Novo Banco.
O provedor da Santa Casa (que sucedeu a Santana Lopes, que deixou o cargo para se candidatar a líder do PSD) afirmou ainda que que a instituição tem um histórico de intervenção no setor financeiro e que a eventual entrada no banco Montepio não seria uma situação nova, em resposta a críticas que têm sido feitas por várias personalidades.
Questionado sobre a existência de pressões do Governo para a SCML entrar no Montepio, o ex-presidente do Instituto de Segurança entre 2005 e 2011, nos Governos PS, disse que à direção da SCML foi "suscitada" a avaliação desse investimento, mas sem pressões.
A audição do provedor da SCML, que hoje decorreu no parlamento, foi pedida por unanimidade entre todos os grupos parlamentares, após requerimento do CDS-PP.
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