Segundo o Relatório de Gestão e Contas (RGC) para 2024, a SCML termina o ano com um resultado líquido de 30,3 milhões de euros, bastante acima dos 2,5 milhões de euros de 2023, e depois de ter terminado os três anos anteriores no negativo, já que tanto em 2020, como 2021 e 2022 teve resultados líquidos negativos, com 51,3 milhões de euros, 39,8 milhões de euros e 12,4 milhões de euros, respetivamente.

Por outro lado, o valor da receita corrente é de 293,8 milhões de euros, o que representa um crescimento de 4,2% face ao período homólogo.

Grande parte deste valor (198,6 milhões de euros) é explicado com os jogos sociais, que representam 67,6% do total da receita corrente, tendo-se verificado um acréscimo de 4,0% face ao ano de 2023, com mais 7,5 milhões de euros.

De acordo com a instituição, 2024 é o ano com a melhor prestação financeira da Santa Casa dos últimos cinco anos, aumentando o saldo global para 22,2 milhões de euros, mais 7,7 milhões de euros do que em 2023, e o saldo de gerência para 69 milhões de euros, depois dos 14 milhões do ano anterior.

Relativamente ao saldo de gerência, importa ter em conta que em 2023 a SCML não incluiu a verba de cerca de 34 milhões de euros de apoio extraordinário pago pelo Instituto de Segurança Social.

Em entrevista à agência Lusa, por ocasião da apresentação pública do RGC2024, e depois de completar um ano à frente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o provedor da instituição, Paulo Sousa, defende que este resultado traduz uma mudança de paradigma relativamente aos últimos quatro anos.

“Se não tivéssemos considerado, em 2023, o apoio extraordinário da segurança social, de cerca de 34 milhões de euros, nós teríamos um histórico nos últimos quatro anos de cerca de 130 milhões de prejuízo acumulado”, apontou.

Paulo Sousa apontou que há uma mudança, que faz parte de um percurso que a instituição já estava a fazer em 2024, “mas que foi acelerado pela introdução do plano de reestruturação, em julho [de 2024] “.

Salientou que todas as grandes componentes de receita têm uma variação positiva, mas admitiu que os jogos sociais foram os mais determinantes, contribuindo com “um grande impulso para os resultados”.

A par do aumento de receita, o provedor afirmou que outra preocupação está em “não [deixar] crescer de forma significativa a despesa”, que passou de 251 milhões de euros em 2023, para 253,8 milhões de euros em 2024, um acréscimo de 2,8 milhões de euros (+1,1%).

Explicou que o crescimento da despesa se deve, “maioritariamente, às despesas de pessoal”, depois de a instituição ter assinado “uma revisão aos acordos de empresa que existiam”, o que permitiu “que houvesse um conjunto de atualizações”.

Sobre esta matéria, adiantou que em 2025 será possível desbloquear as progressões, um processo que estava suspenso desde 2016.

Segundo Paulo Sousa, a gestão da instituição tem sido feita com “grande contenção de custos e das despesas ao nível de fornecimento de serviços”, a par do aumento das receitas, que permitam acomodar o aumento da despesa.

“Não há nenhum segredo. Há, acima de tudo, uma atividade que, em termos de receita operacional, é muito mais estável, é positiva, e a receita corrente cresce fortemente”, apontou o provedor.

Frisou que a instituição viveu “momentos difíceis nos últimos anos”, mas deixou a garantia de que “a missão principal da Santa Casa nunca foi abandonada” e que todos os dias há uma equipa de “cerca de seis mil pessoas” focada “naquilo que é o apoio àqueles que mais precisam”.