"Não temos nenhuma outra indicação, nem razão para acreditar que a Rússia tenha capacidade, ou força, para realizar grandes avanços" no território da ex-república soviética, que tem resistido à invasão russa há mais de dois anos, declarou Stoltenberg na entrevista.
O chefe da aliança militar afirmou que era provável que a Rússia continuasse a exercer pressão "nas linhas de frente" e a bombardear a região.
"Mas o que vimos é que os ucranianos conseguiram manter a linha", enfatizou.
Os ucranianos "têm conseguido infligir grandes perdas aos invasores russos, tanto na linha de frente quanto com bombardeios profundos", continuou.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, teve em maio seu maior avanço territorial em 18 meses com uma grande ofensiva terrestre na região de Kharkiv, no nordeste.
No início de junho, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que as tropas russas estavam desde então a concentrar os seus ataques na região de Donetsk, no leste do país.
Os 32 países-membros da aliança liderada pelos Estados Unidos voltaram a aumentar o fornecimento de armas para Kiev, depois de Washington ter aprovado em abril um pacote de ajuda de 60 mil milhões de dólares.
O fator Trump
Durante a entrevista, Stoltenberg também afirmou que espera que os Estados Unidos continuem a ser um "firme aliado" da NATO, "independentemente do resultado" das eleições presidenciais.
O possível regresso à Casa Branca de Donald Trump, que chegou a classificar a NATO como "obsoleta" e a considerar a saída dos EUA da organização, preocupa seus parceiros.
"Uma NATO forte é boa para a Europa, mas também para os Estados Unidos", destacou o secretário-geral, que, em outubro, será substituído pelo agora primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte.
A CNN transmitirá esta quinta-feira o primeiro debate presidencial entre o presidente democrata Joe Biden e seu antecessor republicano Donald Trump, ambos quase empatados nas sondagens para as eleições de novembro. Em Portugal, o debate pode ser visto na posição 156 da grelha televisiva.
Durante a campanha, Trump voltou a atacar e disse que deixaria a Rússia fazer "o que quisesse" com os países da NATO que não gastassem o suficiente em defesa.
"As críticas do ex-presidente Trump não foram principalmente contra a NATO. Foram contra os aliados da NATO que não gastam o suficiente" em defesa, disse Stoltenberg.
No entanto, "isso agora mudou", com 23 dos 32 países-membros que destinam pelo menos 2% do seu Produto Interno Bruto a gastos militares, assegurou.
Questionado sobre os riscos de desintegração da Aliança após as eleições americanas e francesas, Stoltenberg afirmou: "Provamos que somos capazes de ser muito resistentes, porque nos interessa permanecer juntos e isso vale tanto para os Estados como para Europa".
"Foi demonstrado que, na realidade, quando os países têm de escolher (...) entre permanecer na NATO, com a proteção e a segurança que a NATO oferece, ou enfraquecer a NATO e seguir sozinhos, eles escolheram a NATO", enfatizou.
Aconteça o que acontecer no futuro, "espero que [a Aliança] permaneça forte", acrescentou.
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