Na sua intervenção no encerramento da Universidade de Verão do PSD, que se estendeu por mais de 50 minutos, Rui Rio apontou o caso das armas roubadas — e em parte recuperadas — do paiol de Tancos há mais de um ano como um “exemplo da degradação dos serviços públicos” pela qual responsabilizou o Governo, sobre o qual disse querer tirar uma conclusão “politicamente correta e outra quiçá mais incorreta”.

“Politicamente está provado que o Governo foi incapaz e não tem respostas para dar, é incapaz nesta matéria, ponto final parágrafo. Podemos e devemos continuar a perguntar, mas eles não vão responder porque não sabem mesmo”, afirmou.

Por isso, defendeu, “o país tem de exigir” as respostas do ponto de vista judicial e apelou ao Ministério Público para que “faça rapidamente a investigação e diga o que se passou”.

“Porque há coisas muito mais complicadas de investigar do que isto e já vai para lá do tempo, eu não disse tudo o que sei. Não há meio de vir a público a acusação correta, que deve ser feita para que o país saiba da irresponsabilidade política, para responsabilizar quem verdadeiramente fez o que fez e quem está por trás de tudo isso”, afirmou.

Dizendo que o caso pode “ser muito mais complexo” do que parece à primeira vista, Rio começou por utilizar a ironia para descrever o roubo de material de guerra em Tancos.

“Afinal, em Portugal consegue-se roubar material militar da mesma forma que se consegue entrar num jardim para roubar umas galinhas”, criticou, lembrando as incoerências ao longo do último ano sobre o material roubado e as divergências no processo entre a Polícia Judiciária Militar e a Polícia Judiciária.

Rui Rio recorreu mesmo a um célebre ‘sketch’ humorístico do falecido ator Raul Solnado sobre a ida à guerra para descrever a situação: “Os gatunos chegaram à guerra e estava fechada, aproveitaram para levar o que levaram”, gracejou.